Resumo |
Os resíduos lignocelulósicos possuem alto potencial para a produção sustentável de materiais de fonte renovável com baixo custo. Estudos sobre o uso da biotecnologia para valorização dos resíduos lignocelulósicos agroindustriais tem-se tornando cada vez mais importante. Neste contexto, a liquefação surge como um processo de transformação da matéria orgânica em um composto em potencial, denominado poliol. Este é um composto passível de utilização na produção de poliuretanos, como: espumas, tintas, bioplásticos, entre outros. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência da temperatura em três biomassas: bagaço de limão, casca de mandioca e casca de arroz, de forma a avaliar o rendimento da liquefação em três intervalos de tempo (30, 60 e 90 minutos) e três temperaturas (100, 150 e 200 ºC). Além disso, avaliou-se a relação entre a composição química das biomassas em estudo no rendimento do processo de liquefação. O processo foi realizado nas condições 2:1 entre solvente (glicerol) e biomassa e 7% m/m de ácido sulfúrico concentrado (agente catalisador), com variações do tempo e da temperatura de acordo com planejamento fatorial. Os resultados obtidos indicaram que os melhores rendimentos (% m/m) foram 88,46 ± 3,70 para o bagaço de limão em 150 °C e permanência de 60 minutos; 82,06 ± 0,83 para a casca de mandioca em 100 °C por 30 minutos; e 53,71 ± 5,40 para a casca de arroz a 150 °C por 30 minutos. Estes dados revelam que o rendimento do processo decai com a elevação da temperatura e do tempo de residência. Isto pode ser explicado pela competição das duas reações envolvendo a liquefação, hidrólise e repolimerização, e até mesmo, na degradação da matéria. Comparando as biomassas estudadas, os melhores rendimentos do processo foram da casca de mandioca na temperatura de 100ºC, que possui maiores teores de sólidos voláteis e menores teores de lignina e holocelulose e do bagaço de limão na temperatura de 150ºC que possui alto teor de carbono fixo; a casca de arroz obteve as menores variações e menores valores de rendimento devido a quantidade de cinzas e lignina. Sendo assim, pode-se concluir que as biomassas em estudo possuem potencial para a produção do poliol. Foi observado que a composição da biomassa lignocelulósica em conjunto com os diferentes parâmetros operacionais, como a temperatura e o tempo de residência, influenciam no rendimento do processo. |