Resumo |
O assédio moral no trabalho é compreendido como uma conduta abusiva, repetitiva, intencional, que ocorre no ambiente de trabalho, que se manifesta por meio de palavras, atos, gestos, comportamentos ou de forma escrita, que humilha, constrange e desqualifica uma pessoa ou um grupo, atingindo sua dignidade, sua saúde física e mental, colocando em risco sua integridade pessoal e profissional. Segundo Ávila (2015), o assédio moral está presente ao longo de toda a história, mas é a partir da lógica capitalista que se percebe de forma mais clara as suas ações e suas vítimas. A presente pesquisa tem como objeto de estudo as manifestações do assédio moral no trabalho do assistente social, analisando os impactos na saúde desse trabalhador, bem como em suas famílias. Esse tema se tornou uma forte preocupação social, fazendo com que várias áreas do saber se debruçassem sobre ele, a fim de desvelar seus impactos negativos na saúde dos trabalhadores e ao bem-estar da vítima. A pesquisa classifica-se como qualitativa e exploratória, em termos dos procedimentos metodológicos, abordagem do problema e objetivos. Em relação aos procedimentos técnicos utilizados, a pesquisa se classifica como de campo, acrescida de uma parte bibliográfica e documental. Para realização da pesquisa, realizou-se entrevista semiestruturada para coletas dos dados acerca do assédio moral cometido contra os/as assistentes sociais, buscando compreender como se deu o desenvolvimento do fenômeno e sua relação com o processo de adoecimento (obtenção dos dados primários). A análise dos dados pauta-se nos referenciais do materialismo histórico dialético que considera que a interpretação da realidade histórica supõe apreendê-la em permanente mudança, bem como em suas contradições e antagonismos (a luta dos contrários, a luta de classes). Nessa via, se faz necessário também apreendê-la em sua totalidade. Os primeiros apontamentos e conclusões da pesquisa demonstram que há forte incidência do fenômeno do assédio moral na particularidade da categoria profissional dos assistentes sociais da microrregião de Viçosa, MG. Verificamos um cenário bastante desfavorável a estes profissionais, que constantemente vivenciam situações de assédio moral nas mais variadas formas de expressão, por suas chefias, pelos colegas de trabalho e pelos usuários dos serviços sócio-assistenciais. Há, nesse sentido, a necessidade da categoria dos assistentes sociais, como integrante e partícipe da classe trabalhadora, engrenar lutas no sentido de garantir melhor visibilidade ao seu fazer profissional, denunciando o assédio moral sofrido em decorrência do trabalho, organizando-se enquanto classe e fortalecendo estratégias de combate ao assédio. Identificar situações de exposição profissional permite ter um olhar crítico sobre seu trabalho, estabelecendo limites e possibilidades, que acarretam uma melhor qualidade de vida para si e suas famílias. |