Resumo |
A desigualdade de Bell quando formulada tinha como base duas hipóteses, a causalidade local e a independência de escolha (livre-arbítrio). Quando se viola a desigualdade, isso quer dizer que uma das suposições usadas na demonstração desta não pode ser satisfeita, ou seja, teríamos que abrir mão de uma delas. Como a teoria de variáveis ocultas (lembrando que a desigualdade de Bell é derivada desta teoria) utiliza a hipótese de causalidade local, a violação da desigualdade implica que esta suposição deve ser descartada. Recentemente foi desenvolvido um formalismo que permite a elaboração de modelos causais. Estes são aplicados em diversas áreas, como computação, saúde, entre outras, em geral naquelas que se têm dados estatísticos e que se está interessado em obter modelos para um determinado problema. Foram, recentemente, reportadas na literatura especializada tentativas de utilizar a estratégia de modelos causais para explicar o experimento de Bell. O objetivo do nosso trabalho é fazer uma revisão de artigos que mostram a incompatibilidade de modelos clássicos usados para abordar desigualdade de Bell. Trata-se de um trabalho de física teórica que constitui na revisão de artigos científicos na área de fundamentos de mecânica quântica, a fim de analisar e discutir a abordagem de modelos causais na desigualdade de Bell. O desenvolvimento da pesquisa constituiu do estudo e dedução de uma das versões da desigualdade de Bell, definição de modelos causais, e o ponto chave destes que é o algoritmo de descoberta causal, as suposições que este deve seguir e por fim abordamos um modelo causal para explicar a noção causal local. Analisamos o que a estrutura causal nos retornava, como a independência de escolha e a localidade. O modelo em questão seguia os requisitos e hipóteses, porém o fato de certas correlações quânticas (por exemplo, sistemas emaranhados) violarem a desigualdade de Bell, implica que tal modelo não pode ser utilizado para explicar a desigualdade, ou seja, não é um modelo robusto, funcionando apenas para casos específicos. Além disso, uma das conclusões é que algoritmos de descoberta causal que utilizam como “input” as relações de IC (independência condicional) retornam modelos causais que necessitam de “fine-tuning” (ajuste fino), o que torna estes inviáveis. O próximo passo é estudar modelos causais alternativos, que tem como bases outras suposições, a fim de obter uma estrutura causal que seja robusta a variações dos parâmetros e adequada aos resultados da mecânica quântica e que possam também recuperar a ideia básica de causalidade. |