Resumo |
Introdução: A obesidade é uma doença multifatorial caracterizada por excesso de tecido adiposo no organismo, o qual pode ser estimado pelos seguintes parâmetros: Índice de Massa Corporal (IMC), Perímetro da Cintura (PC), Razão cintura-estatura (RCE), percentual de gordura corporal (%GC), dentre outros. Alguns destes parâmetros podem inferir, inclusive, risco cardiometabólico. Depressão tem, também, etiologia multifatorial, e apresenta como critério diagnóstico principal o humor deprimido. Frequentemente a obesidade vem acompanhada por fatores que podem aumentar o risco de depressão, como baixa autoestima, prejuízos na imagem corporal, comportamentos alimentares inadequados, uso de medicamentos e deficiência hormonal. Além disso, existe uma relação bidirecional entre as doenças, ou seja, obesidade aumenta o risco para desenvolvimento de depressão, e depressão aumenta o risco para desenvolvimento de obesidade. Objetivo: Avaliar a associação entre a presença de humor deprimido e os parâmetros de adiposidade em indivíduos atendidos pelo Programa de Atenção à Saúde Cardiovascular (PROCARDIO-UFV). Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, com 300 indivíduos (175 mulheres/ 125 homens, 42±16 anos), atendidos pelo PROCARDIO-UFV (ReBEC id: RBR-5n4y2g). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV (Of. Ref. nº 066/2012/CEPH) e todos os participantes assinaram ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Peso corporal, altura e PC foram aferidos segundo protocolo padronizado do programa, e o IMC e a RCE foram calculados. O %GC foi obtido mediante análise da bioimpedância elétrica tetrapolar horizontal (Biodynamics 310 model, Washington, USA). Obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2), obesidade abdominal (PC ≥ 80 e 94 cm para mulheres e homens, respectivamente e RCE > 0,5) e alto % GC (> 30 e 20 para mulheres e homens, respectivamente) foram avaliadas. Aos indivíduos foi feita a seguinte pergunta: “Em relação ao seu humor, você se considera ser uma pessoa ansiosa, deprimida, extrovertida, nervosa ou se outra, qual?”. Portanto, o sentir-se deprimido foi autorrelatado pelos pacientes. Teste Qui-quadrado foi utilizado para comparação de frequências. Resultados: 20% da amostra (n=60) relatou se sentir deprimido, sendo 25% homens e 75% mulheres, com idade média de 46±4 anos. Foi observado obesidade em 52,5% e 35,4% (p=0,023); PC alterado em 76,7% e 54,5% (p=0,001); RCE alterada em 96,6% e 81,1% (p=0,003) e alto %G em 90% e 75,3% (p=0,042) dos indivíduos deprimidos e não deprimidos, respectivamente. Conclusão: Verificou-se que indivíduos deprimidos apresentaram maior IMC, RCE, PC e %GC quando comparados a indivíduos não deprimidos, em pacientes com risco cardiovascular. Apoio: CAPES (código 001) e CNPq. |