Resumo |
O presente trabalho é oriundo da iniciação científica edital PIBIC/CNPq 2019-2020, do projeto “Por uma História Intelectual das Américas”, desenvolvido no Departamento de História da Universidade Federal de Viçosa. A década de 1960 ficou marcada na história americana como um momento de florescimento de diversas lutas sociais, dentre elas o movimento pelo fim da Guerra do Vietnã, que perdurou vinte anos (1955-1975), nos quais os Estados Unidos tentaram impedir a consolidação do socialismo no país em questão, o que resultou em um eloquente movimento interno contrário a guerra, capaz de realizar manifestações que chegaram a reunir mais de 100 mil pessoas. Ainda, o apoio a Revolução Cubana mobilizava a esquerda radical norte-americana, tensionando ainda mais sua relação com o governo. Nesse sentido, o presente trabalho visa problematizar acerca da postura de Susan Sontag, escritora norte-americana ligada a New Left, principalmente no que tange a sua viagem à Hanói e a Cuba, em 1968 e 1969, se colocando contra a política externa de seu país, no apoio a revoluções no sul global. Foram utilizados, como base para tal estudo, o relato de viagem da autora “Trip to Hanoi” e seu artigo “Some Thoughts on the Right Way (for us) to Love the Cuban Revolution’’, escrito após sua viagem ao país. Metodologicamente, foram utilizadas as teorias de análise de atos autobiográficos para entender o diário de viagem da autora, bem como foi utilizado uma bibliografia extensa acerca da Guerra do Vietnã e da vida de Sontag, problematizando sua trajetória como uma forma de entender, também, acerca do espaço dos intelectuais de esquerda radical dentro desse momento. Objetivando, refletir sobre as viagens da autora a locais revolucionários, discutindo sobre como tais experiências impactaram seu pensamento; buscando perceber, também, como contribuíram para suas formulações acerca do papel formativo do intelectual, visto que evidencia a necessidade da atuação política no sentido do diálogo com as massas. Como resultado, pode-se perceber que o apoio de Sontag as revoluções era muito ligado sua vontade de se reinventar, de modo que tais processos mostravam para ela uma possibilidade de mudança na humanidade, porém, o que podia parecer um idealismo que a mesma nutria para com as revoluções se tratava de uma maneira de demarcar um posicionamento político de defesa das sociedades que via sendo oprimidas pelos EUA num contexto extremamente polarizado de Guerra Fria. Por fim, concluiu-se que as viagens em questão foram demasiadamente importantes para a constituição do pensamento e criticidade da autora no período em questão, contribuindo para a formação de seu apreço pela ideia de mudança de mentalidade como uma forma de transformação social, o que fomentou ainda mais sua postura de engajamento público na década de 1960. |