Resumo |
Este trabalho busca refletir sobre a midiatização dos processos migratórios de nordestinos na mídia televisiva brasileira. Para tanto, enfatiza-se que a televisão é um dos meios de comunicação mais acessível e que se encontra mais presente em sociedade, possuindo um número significativo de audiência, independente de raça, classe, sexo ou nível de escolaridade. Nesse sentido, cada vez mais a atenção dos telespectadores vem sendo mantida através de inúmeros shows de luzes, cores, choros e súplicas do que de fato pela narrativa. Nessa conjectura, a partir de uma noção estereotipada veiculada através do discurso midiático a região Nordeste, em grande parte, possui uma representação atrelada a questões negativas. Essas inúmeras representações, por sua vez, acabam fazendo parte de um ideário que dá o tom na composição de um imaginário coletivo para a região, e por finalidade, para as pessoas que ali vivem. Assim, o nordestino acredita que ao migrar estará em certo modo se desvinculando de tais estigmas e estereótipos. Contudo, ao chagarem em seus destinos acabam por sofrerem ainda mais. O objetivo desse trabalho é trazer reflexões iniciais acerca dos estereótipos e estigmas atribuídos ao migrante nordestino e ao Nordeste, a partir da análise dos discursos e das imagens produzidas no/pelo quadro ‘De volta para meu aconchego’. A pesquisa possui uma abordagem de natureza qualitativa de caráter descritiva, por meio da qual buscou-se descrever e compreender os fatores que se encontram imbricados nas representações midiáticas dos processos migratórios de nordestinos na mídia televisiva brasileira. A coleta de dados, se deu por meio de fontes secundárias e públicas, configurando a pesquisa como documental, marcada por um entrelaçamento bibliográfico. As análises se deram mediante uma inspiração na perspectiva da análise fílmica, buscando (de)codificar os elementos que compõe a narrativa. Enquanto resultados podemos destacar que: é nessa mudança que esses indivíduos descobrem que, ao migrarem, seus costumes e hábitos nessa nova localidade são conflitantes, sofrendo, uma séria de violências físicas, simbólicas e institucionais. O quadro se caracteriza como um mecanismo assistencialista, no qual tudo é um prol da dita “felicidade” dos participantes. E para isso vale tudo. Evidencia-se que o quadro cria uma série de espetáculos vexatórios e constrangedores, visando manter e conquistar a audiência. O Nordeste e o nordestino, em grande parte, são retratados a partir de conjuntos discursos e imagéticos que continuam reforçando os imaginários do retirante, analfabeto, dentre outros aspectos negativos. Conclui-se que são cada vez mais necessárias problematizações acerca dos discursos midiáticos, que em certo modo, acabam por naturalizar (e reproduzir) narrativas que precisam ser tencionados e repensados, para que assim possamos minimizar os estigmas e a criação de estereótipos acerca de grupos sociais. |