Resumo |
A pimenta-preta (Piper nigrun L.), conhecida como pimenta-do-reino, pertencente à família Piperaceae, é um dos condimentos mais consumidos no mundo. Após sua colheita é submetida ao processo de secagem para posterior armazenamento. Durante essa etapa, o produto está sujeito a contaminações por poeira, fezes de animais e micro-organismos. As bactérias são patógenos que ameaçam a cadeia produtiva de pimenta-preta e depois da contaminação, é possível que sobrevivam por longos períodos. Investigações científicas têm sido conduzidas para encontrar tratamentos alternativos para descontaminação microbiana de condimentos e uma destas alternativas é a utilização do gás ozônio (O3), altamente oxidante, capaz de inibir o crescimento de micro-organismos em curto tempo de contato. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a cinética de reação do gás ozônio em pimenta-preta. Para obtenção do gás ozônio, foi utilizado um gerador (MyOzone, modelo portátil, Brasil) alimentado com oxigênio comprimido (pureza mínima de 99,99%), com uma vazão volumétrica de 1 L min-1. O ozônio foi quantificado pelo método iodométrico. Para determinar o tempo de saturação e a cinética de decomposição do gás ozônio, foram utilizados 1,8 kg de grãos de pimenta-preta. Os grãos foram acondicionados em uma coluna cilíndrica construída em PVC, com 0,5 m de comprimento e 0,15 m de diâmetro. A concentração de O3 utilizada foi de 13,5 mg L-1 e para o tratamento controle foi utilizado o ar atmosférico. A concentração de ozônio foi monitorada a cada dez min. A massa de grãos de pimenta-preta atingiu o estado de saturação no instante em que a concentração residual de O3 permaneceu constante. Para determinação da cinética de decomposição do gás O3, após a massa de grãos ter sido saturada a injeção do gás O3 foi interrompida e a entrada e saída do gás na coluna cilíndrica foram vedadas. O gás ozônio no espaço intergranular começou a se decompor devido à reação com os grãos. Em seguida, a cada 2 min, foi injetado oxigênio na vazão volumétrica 0,5 L min-1 durante 30 s. O oxigênio foi utilizado para transportar o ozônio em direção à saída e permitir a sua quantificação. Este procedimento foi repetido até que a concentração de ozônio se tornasse indetectável. Os resultados deste estudo indicaram que o gás ozônio reage de maneira intensa com os grãos de pimenta-preta. O tempo de saturação foi atingido depois de decorridas 7 h e 40 min. O modelo cinético de primeira ordem obteve o melhor ajuste para o decaimento do ozônio nos grãos. A constante da taxa de decomposição (k), dada pelo coeficiente angular da equação de regressão, foi de 0,1879 min-1, determinando assim o tempo de meia vida (t1/2) de 3,7 min do gás ozônio para a concentração de 13,5 mg L-1 na massa de grãos de pimenta-preta. Concluiu-se que após a saturação e a interrupção da injeção do gás, a concentração presente no espaço intergranular apresentou um decaimento exponencial ao longo do tempo. |