Resumo |
Cleomaceae é uma família botânica, pertencente a ordem Brassicales, com ampla distribuição no globo terrestre. A família, que foi elevada a esse status recentemente, atualmente, possui 26 gêneros e cerca de 270 espécies formalmente descritas. No entanto, mesmo após alguns estudos de filogenia molecular, a família e alguns gêneros da mesma ainda carecem de uma revisão taxonômica sistemática (ex. grupo de espécies Andinas). Nesse quesito, isso inclui o gênero Tarenaya que compreende 37 espécies e apresenta o seu centro de diversidade no Brasil com 22 espécies. Sendo assim, o principal objetivo desse trabalho foi avaliar espécies de Tarenaya brasileiras e entender a relação filogenética entre as quatro series do gênero, que são elas: Spinosae, Hemiscola, Parviflorae e Cleorosea. Para tal, foram coletadas, em diferentes regiões do país, 24 morfoespécies de Cleomaceae, o material foi depositado no herbário VIC da Universidade Federal de Viçosa. No presente estudo, as relações filogenéticas entre membros de Tarenaya e outras espécies de Cleomaceae foram examinadas por meio das análises bayesiana, parcimômia e verossimilhança, usando três marcadores moleculares, incluindo o marcador nuclear (ITS) e dois cloroplastídicos (matk e ndhF), bem como analisados dados morfológicos e ecológicos, seja por observação em campo, análise de exsicatas ou literatura. Nossos resultados revelaram que as séries de Tarenaya são monofiléticas. Sendo assim, dados moleculares, morfológicos e ecológicos apoiam fortemente modificações nomenclaturais adicionais para estes táxons. Portanto, começamos aqui com o tratamento para a espécie T. siliculifera, inicialmente inserida no cluster Cleorosea, é apresentada aqui como um novo gênero monotípico e monofilético Neotarenaya siliculifera (voucher VIC 51801), de acordo com as disposições do Código Internacional de Nomenclatura para algas, fungos e plantas. Além da filogenia molecular, Neotarenaya se diferencia das demais espécies do gênero Tarenaya por apresentar hábito arbustivo, folhas delicadas e minúsculas com 5 folíolos e racemos terminais longos com flores pequenas, gineceu não alongado como nos outros grupos e de formato esférico, fruto sempre com 4 sementes (o que difere dos demais, visto que, em geral, possuem no mínimo 30 sementes cada cápsula). O novo gênero é endêmico da Cadeia do Espinhaço e foi classificado, de acordo com os critérios da IUCN, como vulnerável (VU=D2) devido a sua distribuição restrita. Nesse sentido, nossa descoberta reforça a importância de mais coleta e caracterização de espécimes amostrados de biomas tropicais subexplorados para resoluções taxonômica e sistemática mais precisas. |