Resumo |
Nos últimos anos, a ocorrência de problemas relacionados a doenças virais na suinocultura vem aumentando, além do surgimento de doenças emergentes e reemergentes. Em 2016 foi descoberto nos Estados Unidos um novo circovirus, denominado Porcine circovirus 3 (PCV3), sendo relacionado a possíveis casos de falhas reprodutivas de fêmeas e demais sinais sistêmicos. Este estudo teve como objetivo a identificação de PCV3 em suínos de propriedades produtoras no Brasil. Foram coletadas 267 amostras em 21 propriedades de ciclo completo, sendo provenientes de matrizes, incluindo soro, placenta e swab vaginal e tecidos de fetos mumificados ou natimortos. A extração de DNA de amostras de tecido e soro foi realizada com os kits Wizard SV Genomic DNA Purification (Promega®) e Wizard Genomic DNA Purification (Promega®) respectivamente. Os DNAs extraídos foram submetidos a PCR de controle endógeno baseado no gene 18S do RNA ribossômico suíno. O produto de PCR foi aplicado em gel de agarose 1%, tampão Tris Borato EDTA 0,5X, adicionado de corante intercalante UniSafe (Uniscience®) e ao final, o produto de eletroforese foi visualizado sob luz ultravioleta. A detecção de PCV3 foi realizada usando a técnica qPCR Palinski et al. (2016) que visa o capsídeo PCV3. As reações qPCR foram compostas por TaqMan Universal Master Mix II, primer forward, primer reverso, sonda fluorophorus, DNA e água livre de nuclease para completar o volume final de 25 μL usando o Rotor-Gene em tempo real (Qiagen®). O controle negativo continha água livre de nuclease. Amostras com ciclos de quantificação (Cq) ≤38 e curva de amplificação típica foram consideradas positivas. Os resultados da análise das amostras por qPCR indicaram que 80,95% (17/21) das propriedades possuíam PCV3 circulante em seu rebanho. A taxa de positividade para PCV3 entre as amostras foi de 40,82% (109/267), sendo que 28,26% (26/92) das amostras positivas para PCV3 eram de fêmeas; 44,12% (30/68) de animais de terminação; 42,11% (8/19) de animais de fase de creche; e 51,72% (45/87) de natimortos ou mumificados. A taxa de detecção de PCV3 em soro de fêmeas foi 38,89% (21/54). Considerando a alta circulação de PCV3 entre as propriedades e nos fetos mumificados ou natimortos é possível concluir sobre a transmissão vertical da porca para o feto, o que demonstra a associação de PCV3 com problemas reprodutivos. |