Resumo |
Este trabalho é um recorte dos resultados de uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Educação, da Universidade Federal de Viçosa, intitulada Idosos universitários e reconhecimento: acesso, permanência e os desafios na Universidade Federal de Viçosa Nossa escolha pelo tema deu-se porque a maior expectativa de vida da população brasileira, somada à disponibilidade de tempo e recursos, faz com que muitos velhos e velhas iniciem ou retornem aos bancos de instituições de Ensino Superior. O objetivo específico, no qual se insere este recorte, foi investigar como os estudantes idosos matriculados na Universidade Federal de Viçosa compreendem seus processos de inserção nos cursos de graduação. A metodologia utilizada para a melhor compreensão do corpus investigado foi a Análise de Discurso (AD) de linha francesa. Os dados analisados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, gravadas e transcritas. Na análise do corpus, entre outros temas, identificamos o Questões de gênero e papéis sociais. Essa, não foi utilizada no corpo da dissertação, mas consideramos relevante socializar os resultados de análise dos discursos de uma das entrevistadas, a Ipê 11, que era uma idosa estudante regular dos cursos de graduação da UFV. Este interdiscurso foi agrupado na esfera do Direito de acordo com a Teoria do Reconhecimento de Axel Honneth. Após a análise dos discursos da entrevistada, identificamos sucessões de desrespeitos a sua condição de mulher e velha. Em relação à esfera do Direito e à temática analisada, observamos diferenças no tratamento destinado às idosas e aos idosos. As idosas frequentemente são questionadas sobre os motivos do retorno aos estudos. As falas dos sujeitos de seu entorno sugerem que elas estariam indo para a universidade apenas para ‘arrumar marido’, de que o único lugar destinado a elas seria o ambiente doméstico e, que sua principal função, deveria ser o cuidado dos familiares. Para os idosos não há repreensões ou questionamentos. Deduzimos, portanto, que existe um desrespeito na esfera do Direito proposta por Honneth. As mulheres idosas, com destaque para Ipê 11, ao relatar seus desconfortos, demonstrou compreender que, os direitos oferecidos a ela e as suas familiares e conhecidas são diferentes dos destinados aos estudantes homens. Diante disso, denunciamos o idadismo e o machismo que as mulheres - velhas e universitárias - sofrem ao retornarem aos estudos em nossa sociedade. Compreendemos a necessidade de que existam ações educativas para o envelhecimento em todos os âmbitos governamentais e em espaços de convivência social, uma vez que o desrespeito às idosas está alicerçado em concepções erradas sobre a velhice, o envelhecimento e na ideia de que as mulheres são inferiores aos homens. |