Resumo |
Introdução: a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), intimamente relacionada à COVID-19, é caracterizada por Síndrome Gripal (SG) associada à dispneia, saturação de oxigênio menor que 95%, pressão contínua no tórax ou cianose nos lábios ou rosto. Mesmo possuindo amplo espectro clínico e alta transmissibilidade entre toda população brasileira, urge necessidade de uma visão mais crítica ao que tange às gestantes que são acometidas pela doença, visto que o Brasil ocupa, atualmente, a posição de país que mais acumulou óbitos nesse grupo. Assim sendo, faz-se necessário maior compreensão quanto ao perfil sociodemográfico dessas mulheres, visando melhor entendimento ao que se refere a dinâmica da doença durante o período gravídico. Objetivos: analisar o perfil sociodemográfico de gestantes hospitalizadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave. Metodologia: trata-se de um estudo quantitativo, tendo como base de dados secundários extraídos do 21º Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS). Os dados compreendem o período de 01 de janeiro a 04 julho de 2020. As variáveis analisadas foram etiologia da síndrome, nº de casos de SRAG/região, faixa etária, cor/raça, idade gestacional e escolaridade. Sendo a pergunta norteadora: qual o perfil sociodemográfico das gestantes hospitalizadas por SRAG no Brasil? Resultados: identifica-se que das 367.207 hospitalizações por SRAG, 4.167 (1,1%) eram gestantes. Dessas, 1.647 (39,5%) se configuraram como casos de SRAG relacionadas à COVID-19, ao passo que 1.403 (33,7%) se enquadravam como não especificada e 995 (23,9%) encontravam em investigação. O restante dos dados diz respeito à infeção pelo vírus influenza ou outro agente etiológico. Por conseguinte, o Sudeste foi a região que mais registrou casos de SRAG até a análise (1.466 casos), seguido do Nordeste (1.170 casos). Quanto aos Estados pesquisados, São Paulo deteve as maiores taxas de notificação, seja por uma infecção geral (1.033) ou oriunda da COVID-19 (432). As gestantes frequentemente acometidas possuíam faixa etária entre 20 a 39 anos (3.426), sendo a população intitulada como parda a mais afetada (1.787). A idade gestacional mais recorrente foi o terceiro trimestre, tanto para os casos de SRAG, como SRAG confirmado para COVID-19, totalizando 2.421 (58,1%) e 1.052 (63,9%) casos, respectivamente. No que se refere a escolaridade, a maioria das infectadas (1.318) haviam realizado o ensino médio. Todavia, mais da metade das analisadas (2.309) não responderam ou ignoraram essa questão. Conclusão: o estudo descritivo revela que a maioria das gestantes, dentre os casos de SRAG que necessitaram de internação, eram pardas, de escolaridade média, residentes do Sudeste e Nordeste, com 20 a 39 anos e no terceiro trimestre de gravidez. Entretanto, é imprescindível a realização de mais pesquisas sobre a temática, buscando maior clareza quanto aos fenômenos que levaram a esse desfecho e possíveis intervenções. |