Resumo |
A terapia com biomateriais tem potencial para o tratamento de defeitos ósseos desencadeados por lesões, comumente as fraturas. Estudos demonstraram que a utilização de um biomaterial no local do defeito ósseo pode funcionar como um arcabouço para a migração celular, a capacidade osteocondutora. Atualmente os fosfatos de cálcio estão sendo amplamente utilizados, principalmente a hidroxiapatita (HA) que, devido às suas características biológicas e químicas, se assemelha à fase mineral dos ossos e dentes. Associada a polímeros como a policaprolactona (PCL), forma compósitos osteocondutores com melhores taxas de absorção e capacidade de adaptação a diferentes morfologias de defeitos ósseos. Nesse contexto, pretendeu-se com este trabalho, sintetizar uma membrana porosa, reabsorvível e flexível com matéria prima nacional de HA e PCL para substituição óssea temporária, buscando desenvolver uma membrana com topografia complexa capaz de favorecer a regeneração óssea. Realizaram-se testes com diferentes proporções de PCL e HA sintética (HAP-91 JHS Laboratório Químico): 50:50, 60:40, 70:30, 80:20, 90:10. As amostras de HAP-91 e PCL foram dissolvidas em clorofórmio, éter ou acetona e com auxílio de uma espátula foi depositada uma pequena quantidade da solução em sua forma líquida para formação de cada membrana em papel alumínio. Para formação dos poros foi utilizada a técnica de pulverização ou mistura direta da sacarose, e posteriormente, a membrana foi acondicionada em local aberto e livre de umidade para sua completa secagem. Em seguida, foi realizada a lavagem para retirada da sacarose e posterior secagem, durante 48 horas e esterilizadas por radiação gama. A estrutura da superfície da membrana foi avaliada por Microscopia Eletrônica de Varredura, quanto à topografia da superfície, distribuição e formato dos cristais de HAP-91 expostos (se existentes), presença ou não de poros. Foram também avaliados os diâmetros médios dos poros, obtendo-se posteriormente média e desvio padrão. A utilização do clorofórmio permitiu a melhor e total dissolução dos biomateriais e a proporção de 80:20 de PCL:HAP-91, mantendo uma flexibilidade adequada para manipulação cirúrgica. A técnica de pulverização da sacarose permitiu a formação de poros imprescindíveis para adesão, proliferação e diferenciação celular. Os tamanhos médios dos poros variaram de 66,56µm ±22,94 e 275µm ±49,23 para microporos e macroporos, respectivamente. A membrana apresentou cristais da HAP-91 expostos na matriz da PCL, o que não ocorreu com a técnica de mistura direta da sacarose. Conclui-se que foi possível desenvolver a membrana de HAP-91 e PCL com características desejáveis para favorecer a regeneração óssea, incluindo topografia complexa e flexibilidade. |