Resumo |
Grande parte dos plantios de eucalipto no Brasil é cultivada em regiões com acentuada restrição hídrica e baixa fertilidade natural dos solos. Nesse contexto, os nutrientes minerais, entre os quais o Ca, desempenham importante papel na tolerância de plantas à seca. É importante avaliar se há diferenças no padrão de acumulo desse nutriente em clones tolerantes e sensíveis. Nesse trabalho, objetivou-se investigar os efeitos do déficit hídrico nos teores foliares de Ca em plantas de eucalipto com diferentes níveis de tolerância à seca e avaliar o possível uso desse nutriente como um bioindicador de tolerância a seca. O experimento foi instalado em esquema fatorial 5x2, utilizando um delineamento de blocos casualizados. Foram utilizados 5 clones de Eucalyptus spp. com diferentes níveis de tolerância a seca, sendo eles: VM01, CO1275 e CO1445 (clones tolerantes), I144 (clone com tolerância intermediária) e CNB016 (clone com baixa tolerância); e 2 níveis de disponibilidade hídrica (com e sem déficit hídrico). O déficit hídrico foi induzido pela redução da disponibilidade de água de forma gradual até que se atingisse 70 % da capacidade de campo. Após 120 dias de cultivo nessa condição, folhas completamente expandidas (terceiro ou quarto par foliar) foram amostradas no terço mediano da planta. Em seguida, essas mesmas plantas foram submetidas a seca severa, suspendendo-se a irrigação até que o potencial hídrico foliar na antemanhã atingisse aproximadamente -3 Mpa. Nesse momento, as plantas foram reidratadas e folhas que se tornaram completamente expandidas após esse período foram coletadas. O clone com maior tolerância a seca (VM01) apresentou os maiores teores foliares de Ca, seguido do clone CO1445, também tolerante. O genótipo mais sensível (CNB016) apresentou o menor teor foliar de Ca, comparativamente aos demais. Os demais materiais utilizados, considerados tolerantes (CO1275) e de tolerância intermediaria (I144) apresentaram valores intermediários. A restrição hídrica induziu um maior teor de Ca em todos os materiais. Após a reidratação, o clone I144 apresentou o maior teor de Ca no tecido foliar. Em contra partida, após a reidratação, o clone CO1275 (tolerante) apresentou o menor teor foliar de Ca. Os demais materiais apresentaram valores intermediários. Os dados obtidos sugerem que materiais tolerantes a seca apresentam maior teor foliar de Ca, durante o período de maior restrição hídríca. O maior teor desse nutriente no tecido foliar pode estar relacionado com a sua tolerância ao déficit hídrico. Trabalhos futuros utilizando um maior número de clones devem ser realizados para uma avaliação mais ampla da utilização do teor foliar de Ca como potencial bioindicador de tolerância à seca em eucalipto, juntamente com outras características morfofisiológicas das plantas. |