Resumo |
A Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV), foi idealizada pelo então presidente do estado de Minas Gerais Arthur da Silva Bernardes, que buscava desenvolver uma instituição de ensino destinada a superar o empirismo existente na agricultura e na veterinária nacional. Através do apoio político e legislativo, em 30 de março de 1922, por meio do decreto n° 6.053 foi criada a ESAV, sendo inaugurada no dia 28 de agosto de 1926 na cidade de Viçosa. A escola pretendia ministrar o ensino prático e teórico nos campos da agricultura e veterinária, além de realizar experimentos em ambas as áreas de conhecimento. As atividades na ESAV estavam sempre sintonizadas com as principais ideias circulantes, buscando propagar conhecimentos, tradições e crenças dentro das ciências agrárias em âmbito nacional e internacional, sendo os periódicos produzidos pela instituição os principais meios de propagação, dentre eles destacamos a Revista Seiva que foi criada em agosto 1940. O conteúdo da revista era organizado em artigos, entrevistas e palestras, que constituíam ensaios de informação e divulgação do que era desenvolvido na ESAV. O vínculo institucional com o desenvolvimento nacional abria espaço para a inserção de correntes de pensamentos tidas como essenciais ao progresso nacional, dentre elas o higienismo e o eugenismo, que chegaram ao Brasil na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX, com objetivo de contribuir com o progresso nacional através da melhoria da composição social brasileira, auxiliando em sua constituição, caracterizada pela ampla miscigenação racial, além de propor a inserção de hábitos higiênicos, como forma de proteger a população das doenças. Nesse sentido, este estudo objetiva analisar como os discursos higienista e eugenista se fizeram presentes na ESAV, e em seu processo formativo, contribuindo com a educação do corpo dos esavianos. Foram selecionados 28 números da revista seiva, publicados entre 1940 e 1948. A pesquisa esteve orientada a partir do mergulho nas fontes, tendo como eixo de catalogação os indícios de circulação de saberes e práticas higiênicas e eugênicas. A revisão de literatura constante sobre o tema, aliado a exploração dessas fontes, levou à construção de uma estrutura de análise que permitiu chegarmos a uma versão sobre a presença dos discursos higienistas e eugenistas na instituição. Foi possível perceber que juntamente à caracterização dos problemas do campo e dos rurais, a revista estampava conhecimentos higiênicos e eugênicos que instruíam seus leitores quanto à emergência de sua mudança e o papel preponderante que a ESAV e os esavianos ocupavam naquele cenário. Para além do desenvolvimento econômico do estado e Minas Gerais e do Brasil, a instituição deveria estar preparada, através da formação ofertada pela ESAV, para contribuir para o aprimoramento da saúde e da raça onde seus alunos atuassem. |