Resumo |
A abordagem da história da África e afro-brasileira nos livros didáticos constituem elementos que ganharam visibilidade nas últimas décadas principalmente após a sanção da Lei10639/2003 que torna obrigatório o ensino de história da África e afro-brasileira nos currículos das instituições de ensino do país. O que têm trazido, através de esforços de movimentos sociais como o Movimento Negro (protagonista da luta antirracista no Brasil), Estado, pesquisadores, professores e profissionais medidas mais urgentes de contestação dos currículos eurocêntricos que têm atravessado a formação de crianças e jovens da educação básica e superior. De tal modo, o cenário atual tem mostrado que as políticas de valorização das culturas negras do país perpassam por desafios no que compete aos fundamentos históricos de formação da nação brasileira pautada em políticas excludentes, autoritárias e conservadoras. Também, no que compete ao livro didático, este perpassa por interesses de diversas instâncias de disputa política, mercadológicas e relações de poder. Segundo Bittencourt (2013) é preciso compreender as diversas interferências que detém esse material, desde a autoria à fase de elaboração, fabricação, diagramação, paginação e consumo pela comunidade escolar. Assim, “o livro didático é, antes de tudo, uma mercadoria o produto do mundo da edição que obedece à evolução das técnicas de fabricação e comercialização pertencentes à lógica de mercado” (BITTENCOURT, 2013, p.71). Nessa direção, não pode compreendê-lo como um fator isolado, mas, interligá-lo às múltiplas influências que compõem as fases de elaboração, fabricação e consumo em seu objeto final. Da mesma forma, o livro didático consiste num material que têm relação com a sociedade em que é produzido. Assim, as temáticas nele inseridas obedecem a critérios de seleção curricular e de padronização de narrativas que favorecem determinados grupos sociais. Desse modo, a presente pesquisa tem como objetivo identificar a abordagem e as transformações ocorridas nos livros didáticos de História do Ensino Médio pós Lei 10639/2003. Considerando, o Triênio 2018, 2019 e 2020 do Programa Nacional de Livro Didático (PNLD) de escolas públicas da cidade de Viçosa, Minas Gerais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, por meio da análise bibliográfica de produções referentes às relações étnico-raciais e curriculares brasileiras. Logo, evidenciamos avanços e retrocesso nos livros didáticos analisados, uma vez que, trazem a discussão do continente africano e da história afro-brasileira evidenciando expressões culturais, artísticas e religiosas de matriz africana. Não obstante, o currículo ainda não se desprendeu de epistemologias eurocêntricas e voltados para um discurso hegemônico o que, tem dificultado a abordagem mais efetiva da temática nesses contextos de formação. |