Resumo |
A indústria láctea representa um importante setor na economia, principalmente no Brasil, entretanto esse ramo enfrenta desafios relacionados a sua gestão de resíduo e produção sustentável, devido a elevada carga orgânica de seus rejeitos. Entre os métodos físico-químicos, o mais utilizado para o tratamento da água residuária de laticínio é a coagulação/floculação, sendo assim o craqueamento térmico catalítico tem se tornado uma alternativa promissora ao utilizar o lodo residual do flotador. Altas temperaturas proporcionam a quebra de suas moléculas e o catalisador (carbonato de sódio, NACO3) auxilia na obtenção de características desejadas. Esse processo térmico catalítico oferece um destino aos resíduos, rico em nutrientes e com alto potencial de poluição, e ao mesmo tempo promove aproveitamento energético, tornando o processo mais sustentável e contribuindo para a implementação de matérias-primas alternativas para a geração de energia. Com a proposta de estudar o lodo como matéria-prima alternativa para produção energética, o lodo recolhido no flotador foi submetido ao tratamento térmico a fim de estudar a composição dos diferentes produtos gerados, com o auxílio da cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massas, assim como o poder calorífico. Os cinco experimentos de craqueamento térmico e térmico catalítico foram realizados com concentração mássica de NaCO3, previamente calcinado, entre 0 e 20% e temperaturas entre 400 e 600°C em reator descontínuo a pressão ambiente com atmosfera inerte. Foi realizada a análise composicional que tiveram como tratamentos prévios a extração, hidrólise e/ou derivatização. A análise por CG-EM do extrato bruto do lodo de laticínios indicou a presença de 60,2% de ácidos graxos, possibilitando a aplicação dessa matéria prima como fonte de biomassa para produção de bio-óleos com alto poder calorífico e aplicação como biocombustíveis. O craqueamento foi eficiente quanto a degradação de ácidos graxos, visto que os bio-óleos apresentaram apenas 1,9 a 3,7%. Os bio-óleos obtidos do craqueamento térmico do lodo apresentaram majoritariamente a presença de cetonas, tendo também presença de nitrilas e amidas e hidrocarbonetos, sendo que os principais hidrocarbonetos identificados se assemelham aos principais hidrocarbonetos identificados no óleo diesel e querosene. O poder calorífico do lodo de Laticínios na sua forma natural não possui potencial energético, em contrapartida, após seu condicionamento em elevadas temperaturas e ausência de oxigênio, obtendo um aumento expressivo no poder calorifico, atingindo 39,3 MJ/kg e superando 37,68 MJ/kg do biodiesel de acordo a Resolução Nº 758 da ANP. Em geral, converter o resíduo gerado em industrias lácteas a altas temperaturas em bio-óleo é uma alternativa para destinação de resíduos e produção de energia renovável. |