Resumo |
O Zika virus (ZIKV) vem atraindo cada vez mais atenção de pesquisadores e profissionais da saúde desde 2016, ano em que a epidemia de ZIKV foi considerada emergência de saúde pública internacional, principalmente nas Américas, onde, entre 2015 e 2017, foram confirmados 223.336 casos de infecção por esse vírus. O arbovírus em questão é um grave problema de saúde pública devido à microcefalia neonatal e a síndrome de Guillain-Barré que esse vírus pode causar. O genoma do ZIKV é de RNA fita simples e contém fase de leitura aberta (ORF) para a síntese de uma única poliproteína. Essa é clivada para gerar 10 proteínas, as quais se dividem em dois grupos, as não estruturais (NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B, NS5) e as estruturais (PrM/M, E e C). A proteína E é a proteína do envelope desse flavivírus, que apresenta três domínios (EDI, EDII e EDIII), sendo o EDIII o mais imunogênico e, portanto, promissor para uma possível vacina. O objetivo desse trabalho foi transformar a levedura Pichia pastoris com o gene que codifica o DIII da proteína E do ZIKV, para expressão heteróloga dessa proteína, a qual poderá ser utilizada no desenvolvimento de uma vacina contra o ZIKV. Para isso, a levedura P. pastoris foi incubada com cerca de 5 µg do plasmídeo pPICZαA-DIII-ZIKV, o qual contém o gene que codifica o DIII da proteína E do ZIKV. Esse plasmídeo recombinante também possui o gene que confere resistência ao antibiótico Zeocin, utilizado para a seleção das leveduras transformadas. Em seguida, foi realizada a transformação pela técnica de eletroporação, para permitir a inserção e integração do plasmídeo ao genoma da levedura. A levedura transformada foi plaqueada em meio de cultura YPDS, contendo 100 µg/ml do antibiótico Zeocin e incubada a 30°C até o aparecimento das colônias. Foram selecionadas cerca de 5 colônias, as quais foram cultivadas em meio YPD líquido para extração de DNA genômico, seguido por reação de PCR. A reação de PCR utilizando o primer AOX, especifico para o plasmídeo pPICZαA-DIII-ZIKV, mostrou uma banda de cerca de 1000 bp, coerente com o tamanho do amplicon esperado para esse primer quando o gene de interesse está presente no plasmídeo. Dessa forma, a transformação da levedura Pichia pastoris foi confirmada com sucesso pela técnica de PCR, a qual detectou a presença do plasmídeo recombinante no genoma da levedura. Os próximos passos serão a produção da proteína recombinante, sua caracterização imunológica e avaliação da imunogenicidade in vivo. |