Resumo |
Historicamente, após séculos de escravidão, em 1888 iniciou-se o processo final de tornar pessoas escravizadas em trabalhadores “livres”, entretanto, tornaram-se livres de terra, políticas públicas e reconhecimento como pessoas de direito. A conjuntura da libertação das pessoas escravizadas era uma real necessidade da burguesia de isolamento e eliminação da raça negra considerada tão inferior, atrasada e prejudicial ao progresso. O processo de abolição da escravatura no Brasil foi feito de maneira despreparada, ou seja, não houve nenhuma estratégia ou leis que previam qualquer garantia de direitos aos negros, sendo assim, entende-se que não foi algo pensado visando a liberdade, apenas era algo necessário para o progresso do país que entrava em uma nova era. O abandono aos negros nesse processo foi um ponto crítico para o surgimento das favelas e o aumento da pobreza e desigualdade enfrentadas por eles nas condições que se encontravam, tanto que, anos depois, a população negra no Brasil continua tendo os maiores níveis de pobreza, miséria e falta de serviços básicos, pelo fato do racismo não ser algo apenas ético ou jurídico, mas sim uma relação social estruturada na sociedade de forma política e econômica. Nesse sentido, é necessário romper com o silêncio que estrutura a relação de negação que temos com o racismo e para que isso se torne realidade é preciso reconhecer o racismo e as partes que o materializam na sociedade. Sendo o Serviço Social uma profissão que tem em sua gênese as expressões da “questão social”, é necessário que suas diretrizes curriculares sejam pautadas nas relações de poder existentes na sociedade e que transitam entre classe, etnia-raça e gênero. Assim, é imprescindível que o Serviço Social entenda o racismo e como o mesmo se materializa na sociedade, para a efetivação do projeto ético político, a materialização do código de ética e pela formação de profissionais que saibam lidar com as demandas e mazelas da sociedade, principalmente a marginalização que a população negra se encontra atualmente. Visto que, o assistente social atua de maneira direta com a população em vulnerabilidade, torna-se de extrema importância entender a cor dessa população e como se dão as relações sociais, considerando a questão racial como um de seus elementos fundantes. Desse modo, a proposta de investigação da pesquisa embasa-se em evidenciar a realidade da formação sócio histórica do Brasil e a necessidade do debate da questão étnico-racial na formação em Serviço Social. Afinal, há de fato um silenciamento da questão étnico racial na formação do assistente social? Sendo a interseccionalidade entre as opressões ignorada, ao passo que a questão de classe se sobreponha acima das outras? |