Resumo |
INTRODUÇÃO: A enxaqueca é uma cefaleia primária que, a depender da intensidade da dor durante as crises agudas, gera grande incapacidade social e econômica a quem acomete. O mecanismo fisiopatológico é muito complexo e ainda não está completamente elucidado. Portanto, o uso de medicamentos durante essas crises tem como prioridade diminuir a intensidade da dor e diminuir os impactos socioeconômicos provocados por esse distúrbio de alta prevalência mundial. OBJETIVOS: O objetivo principal deste estudo é analisar a intensidade da dor e inaptidão causada por ela em pacientes com enxaqueca atendidos pela Divisão de Saúde (DSA) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), além do uso de medicamentos por esses pacientes. METODOLOGIA: É um estudo transversal, realizado com 50 pacientes, de ambos os sexos, atendidos pela DSA da UFV no período de julho a novembro de 2018. Os pacientes atendiam aos critérios para enxaqueca estabelecidos pela terceira edição da Classificação Internacional de Cefaleias (ICHD-3), e a coleta de dados foi feita por meio de um questionário virtual estruturado e registros em prontuários. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (CEP-UFV) sob o nº 2.706.366 e todos os participantes foram informados dos aspectos gerais da pesquisa através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. RESULTADOS: Em nosso estudo, 44% dos informantes afirmaram que a intensidade da dor na maioria dos seus episódios de enxaqueca é grave, 22% classificaram a dor como muito grave e 6% escolheram a opção “a dor mais grave imaginável”. Apenas 28% afirmaram ter dores de moderada intensidade. 90% dos informantes afirmaram que suas dores de cabeça limitaram a sua capacidade de trabalhar, estudar, ou fazer suas atividades durante, pelo menos um dia, nos últimos 3 meses. Além disso, a quase totalidade dos pacientes, 49 (98%), faz uso de medicação em caso de crise. 28 (54%) usam analgésicos, 15 (30%) fazem uso de Antiinflamatórios não esteroidais (AINES), 3 (6%) fazem o uso de Relaxantes Musculares, 11 (22%) fazem uso de Agonistas de Serotonina e 1 (2%) faz o uso de opioides (2%). 8 pacientes (16%) fazem uso concomitante de AINES e analgésicos. CONCLUSÃO: Os resultados obtidos estão em consonância com a literatura: as crises agudas migranosas trazem incapacidades socioeconômicas para os pacientes, principalmente a quem refere dores mais intensas. Além disso, o uso de analgésicos é feito por quase a totalidade dos pacientes, o que indica uma necessidade de atenção em saúde maior em relação a esse problema, visando um maior acompanhamento para um tratamento longitudinal e a diminuição do abuso de medicamentos por parte dos pacientes, o que, na literatura, é apresentado como um fator importante para gerar tolerância e abuso dos medicamentos. |