Resumo |
INTRODUÇÃO: A enxaqueca é uma condição clínica caracterizada como uma forma de cefaleia primária, sendo o terceiro transtorno mais prevalente em todo o mundo, acometendo principalmente pacientes do sexo feminino (3:1). Apesar de seus mecanismos fisiopatológicos ainda não estarem completamente elucidados, existem inúmeras evidências da correlação entre o período menstrual e os episódios de dor. Neste sentido, a hipótese mais provável, corroborada por diversos estudos, é a de que o curso das enxaquecas sofre forte influência hormonal, principalmente pelo estrogênio e pela progesterona, principais hormônios envolvidos no ciclo menstrual. OBJETIVOS: Neste estudo, buscamos analisar a relação entre o período menstrual e a frequência de crises de enxaqueca em pacientes do sexo feminino atendidas pela Divisão de Saúde (DSA) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). METODOLOGIA: Foi realizado um estudo transversal com 30 pacientes do sexo feminino atendidas pela DSA da UFV no período de julho a novembro de 2018. Todas as pacientes atendiam aos critérios para enxaqueca estabelecidos pela terceira edição da Classificação Internacional de Cefaleias (ICHD-3). A coleta de dados foi feita por meio de um questionário virtual estruturado e registros em prontuários. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (CEP-UFV) sob o nº 2.706.366 e todos os participantes foram informados dos aspectos gerais da pesquisa através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. RESULTADOS: Observou-se que a média de idade foi de 30,13 anos; das 30 pacientes entrevistadas, 2 (6,7%) relataram estarem na menopausa, e portanto, não menstruavam; 1 (3,3%) relatou que não menstruava, devido ao uso contínuo de anticoncepcional oral (ACO); 1 (3,3%) não respondeu; 26 (86,7%) relataram períodos menstruais recentes (em um período de 6 meses); destas pacientes, 13 (50%) relacionavam os episódios de dor ao período menstrual, sendo que 6 (46,1%) consideravam que ambos coincidiam frequentemente; 4 (30,8%) relataram que a coincidência ocorria poucas vezes; e 3 (11,6%) afirmaram que ela ocorria todas as vezes. CONCLUSÃO: Os resultados obtidos corroboram as evidências na literatura de que as crises de enxaqueca sofrem influência da ação hormonal e do ciclo menstrual. Metade das entrevistadas percebiam esta relação. Desta forma, faz-se necessário ao profissional da saúde compreender o padrão menstrual de pacientes do sexo feminino com enxaqueca, para assim, conseguir estabelecer condutas individualizadas, contribuindo para o melhor manejo desse distúrbio na população. |