Resumo |
A violência contra a mulher é um fenômeno que tem se intensificado em todas as sociedades e grupos sociais. Conforme dados do Mapa de Violência, no Brasil, prevalece a agressão física, ocorrida no ambiente doméstico e familiar, cometida preferencialmente por homens, com os quais as vítimas mantêm/mantiveram uma relação afetiva, de mais de 5 anos. Teles(2015) argumenta que, como forma de prevenção da violência feminina, é preciso assegurar o protagonismo das mulheres, por meio de políticas públicas de educação, geração de emprego e serviços essenciais, equidade no trabalho doméstico e no trabalho remunerado, independência e autonomia. Diante disso, surgiu no Brasil o Programa Mulheres Mil(PMM), que iniciou seu processo de implantação em 2007, buscando minimizar a exclusão social feminina, através do aumento do nível de escolaridade, acesso ao mercado de trabalho, aumento da autonomia e redução da taxa de violência. O objetivo da pesquisa foi analisar o processo de construção e alcance do PMM, como estratégia política educacional para a mitigação da violência feminina, no estado de Minas Gerais, especificamente, nos municípios de Santos Dumont e Barroso, por meio de pesquisa bibliográfica e documental; análise de registros em arquivos e entrevistas semiestruturadas com as egressas do PMM. Os resultados obtidos mostraram que o PMM, inspirado no modelo canadense, foi inserido no Plano Brasil sem Miséria, por meio da metodologia “Acesso, Permanência e Êxito”, produzindo mudanças na vida do segmento feminino, em termos de aumento das oportunidades sociais colocadas à disposição das mulheres, de forma a aproveitarem as capacidades existentes e adquirirem novas experiências. Quanto aos tipos de violência, vínculo e local, os dados da pesquisa apontaram que a principal forma de agressão sofrida foi a física, sendo o agressor, na sua maioria, o marido, ocorrendo os atos de violência, preferencialmente, dentro da residência. É importante destacar que, embora o controle da violência não tenha sido o objetivo prioritário do PMM, considera-se que a promoção da educação pelo programa contribuiu indiretamente no enfrentamento da violência, por meio do acesso a novos conhecimentos, troca de experiências e integração social, com elevação da autonomia e autoestima (ALVES, 2015). Conclui-se que os esforços do PMM de elevação do nível educacional e capacitação profissional, bem como sua estratégia inicial de incutir nas mulheres o desejo, a motivação e a esperança para que possam se apoderar do protagonismo de suas vidas, constitui uma forma de superar os pensamentos negativos, os transtornos de saúde, insegurança e desequilíbrio emocional e social, derivados da violência; contribuindo, com isso, para a efetividade do programa. |