Resumo |
A madeira de eucalipto é atualmente uma das matérias primas mais utilizadas para a geração de energia no setor industrial, através da queima em altos fornos. Destes processos de combustão são geradas toneladas de cinzas que, quando não são devidamente descartadas, podem oferecer riscos de contaminação às águas subterrâneas e infertilidade dos solos devido ao considerável teor de metais presentes nestes resíduos. As cinzas possuem em sua composição substâncias com propriedades pozolânicas, principalmente o SiO2, que ao reagirem com o Ca (OH) durante o processo de hidratação do cimento produzem compostos como o silicato de cálcio hidratado (C-S-H), capazes de aumentar o poder aglomerante e as resistências à compressão e à tração de argamassas de cimento Portland. Frente à potencialidade das cinzas de eucalipto (CE) como aditivo em argamassas e à forte demanda do mercado atual por materiais sustentáveis e acessíveis no âmbito da construção civil, este trabalho tem como objetivo estudar as alterações químicas, físicas e mecânicas em argamassas por efeito da inserção desse rejeito. Para tal, foram adicionadas porcentagens de 5%, 10%, 15% e 20% de cinzas de eucalipto, como agregados miúdos, em traços com relações água cimento (a/c) de 0,32; 0,40; 0,48; 0,56 e 0,64. Os estudos mecânicos realizados demonstraram que a adição de cinzas resultantes da combustão de eucalipto, provenientes de uma agroindústria de laticínios em Patos de Minas-MG, não altera significativamente a resistência à compressão e a absorção em argamassas. Os resultados químicos corroboraram com as análises físicas apontando que a sílica presente na CE se encontra na fase mais estável, cristalina, e assim é pouco capaz de reagir com o Ca(OH) para gerar os compostos (S-C-S) responsáveis pelo crescimento da resistência em argamassas. Assim, é possível realizar um reaproveitamento sustentável desse resíduo como adição em argamassas gerando influências mínimas nas propriedades originais de uma argamassa sem adição. |