Resumo |
O mercado de trabalho rural brasileiro tem sofrido ao longo dos anos diversas transformações que implicam diretamente na adoção de novos paradigmas, inclusive no que se refere às relações de trabalho e gestão dos recursos humanos nas propriedades rurais. Uma das dificuldades, consiste em encontrar trabalhadores qualificados que atendam às novas demandas tecnológicas, a começar pela mecanização agrícola substituindo técnicas tidas como ultrapassadas. Neste artigo, investigaram-se as políticas e práticas de gestão de pessoas adotadas na cafeicultura da região do Cerrado Mineiro com o advento da mecanização, tendo em vista a importância dos subsistemas de gestão de pessoas (processos de agregar, desenvolver, manter e remunerar tais trabalhadores). Pretendeu-se avaliar também a importância dos empregados para os produtores rurais e quais seriam os desafios da gestão de pessoas nestas propriedades produtoras de café. A metodologia utilizada consistiu de uma pesquisa de caráter exploratório, com abordagem qualitativa. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas estruturadas, feitas com proprietários de estabelecimentos rurais produtores de café, escolhidos aleatoriamente e de acordo com a disponibilidade de cada um, em uma cooperativa do ramo. A escolha do local de coleta de dados deu-se pelo critério de acessibilidade. Os resultados apontam que as propriedades rurais pesquisadas reconhecem a importância dos trabalhadores rurais para atingir os objetivos desejados. Porém, como os seis estabelecimentos pesquisados são de pequeno ou médio porte, nenhum deles possui um órgão de RH ou de Gestão de Pessoas. A mecanização das atividades produtivas, principalmente na época da colheita, é uma realidade para todas as propriedades pesquisadas, sendo que algumas delas terceirizam as atividades com máquinas alugadas. Mesmo com a mecanização, durante a safra todas contratam funcionários temporários para realização de trabalho braçal. Quanto às práticas de gestão de pessoas, os funcionários são recrutados, na maioria dos casos, por indicações de conhecidos. A maioria das propriedades rurais pesquisadas ainda não adotou nenhum tipo de treinamento ou educação voltados para seus funcionários para fazer com que desempenhem melhor a função que a eles foi atribuída. Quanto à remuneração, há uma indexação do valor pelo salário mínimo vigente, sendo em média de 1,5 salários para um trabalhador fixo. As práticas de remuneração variável referem-se apenas a pagamento por produção, na época de safra. Portanto, conclui-se que as práticas de gestão de pessoas, embora necessárias para aprimorar as habilidades dos funcionários que trabalham na cafeicultura nesta região, ainda são bastante incipientes, deixando uma lacuna para outras investigações e projetos que visem à melhoria das práticas de gestão de pessoas neste importante segmento para a economia regional. |