Resumo |
A inserção de mulheres no mundo do trabalho; sua emancipação econômica e social; maior acesso à educação e profundas transformações sociais, fizeram com que os estudos de gênero fossem ampliando sua visibilidade nos diversos campos do conhecimento. No agronegócio, um setor em que sempre predominaram homens, a presença feminina na liderança dos negócios tem sido crescente, acompanhando outros setores de atividade econômica. Nesse contexto, buscou-se analisar a inserção de mulheres nos cargos de gestão nas organizações do agronegócio, em regiões que esse segmento possui relevância econômica e social no Estado de Minas Gerais: Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Noroeste, Sul de Minas e Centro-Oeste. O construto de feminilidades foi tomado como o de identidades femininas de gênero, a partir dos vetores do corpo, trabalho e poder, conforme Menezes (2012). O objetivo geral foi analisar a articulação entre a construção de feminilidades e a participação de mulheres na gestão de organizações ligadas ao agronegócio no estado de Minas Gerais. As cidades entre as 50 com maior PIB agropecuário de Minas Gerais foi escopo da pesquisa. Os objetivos específicos: mapear a participação de mulheres em cargos de gestão em Sindicatos de Produtores Rurais e Cooperativas Agropecuárias, de Minas Gerais; identificar a existência de políticas formais de inclusão de mulheres na composição das diretorias destas organizações do agronegócio; investigar, entre os associados e cooperados, a proporção de homens e mulheres e analisar as principais dificuldades para a ascensão de mulheres aos cargos de gestão das organizações analisadas. Quanto à metodologia, a abordagem utilizada foi do tipo quanti-qualitativa. Na etapa quantitativa investigou-se a participação numérica de mulheres à frente de Cooperativas Agropecuárias e Sindicatos Patronais, através da aplicação de questionários via e-mail, telefone e presencial, em 35 Cooperativas e 25 Sindicatos, sendo a análise de dados feita por meio de estatística descritiva, com elaboração de gráficos e tabela. Na qualitativa, os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas, presenciais e os dados foram analisados através da análise de discurso. A partir da coleta e análise, percebeu-se que as mulheres são uma minoria ocupando os cargos de gestão nas Cooperativas e Sindicatos estudados, além das políticas voltadas para a inserção delas nessas atividades serem escassas. Verificou-se também que os três vetores de feminilidades, corpo, trabalho e relações de poder atuam como forças antagônicas e que podem ser fonte de sofrimento para as mulheres que tentam se reconhecer, no próprio corpo, por meio de seu trabalho como gestoras, buscando referências em si próprias a fim de atuarem em espaços legítimos de poder. Diante dos resultados, é notório que há um longo caminho a percorrer para que as mulheres sejam inseridas em um ambiente organizacional de igualdade em relação aos homens, com suas identidades femininas respeitadas. |