| Resumo |
A história brasileira é marcada por processos de colonização violentos e racistas, com reflexos e desdobramentos que ainda estruturam as relações sociais (Almeida, 2019). O Serviço Social, inserido nesse contexto, tem como referência em seu projeto ético-político a defesa dos direitos humanos, o combate à qualquer forma de arbítrio e preconceito, assim como, o enfrentamento às desigualdades sociais. Este trabalho discute como o Conjunto CFESS/CRESS incorporou a luta antirracista às diretrizes ético politicas da categoria entre os anos de 2010 a 2024. O objetivo geral é analisar o debate e as ações do Conjunto CFESS/CRESS-MG relacionadas ao antirracismo no período proposto. Especificamente, busca-se mapear documentos e intervenções, identificar marcos normativos e verificar a presença da interseccionalidade nas ações e posicionamentos políticos das instituições. A pesquisa adota abordagem qualitativa, de caráter descritivo e explicativo, com análise documental de fontes oficiais (cartilhas, resoluções, campanhas e publicações dos sites do CFESS e CRESS-MG). Além disso, foi realizada revisão sistemática de literatura sobre relações étnico-raciais e fundamentos ético-políticos da profissão. Identificou-se uma crescente institucionalização da pauta antirracista a partir de 2010, com destaque para a campanha “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo” (2017–2020). Os documentos analisados demonstram o reconhecimento do racismo como estruturante da desigualdade social, e reforçam o compromisso do Serviço Social com uma prática crítica e transformadora, alinhada à perspectiva interseccional e à luta da classe trabalhadora. A atuação do Conjunto CFESS/CRESS reflete avanços na construção de políticas e posicionamentos públicos antirracistas, ainda que com desafios a superar frente ao avanço do conservadorismo. O estudo evidencia que o enfrentamento ao racismo vem sendo gradualmente consolidado como princípio ético-político no Serviço Social. Neste sentido entende-se que é fundamental incorporar a luta antirracista ao exercício profissional e reconhecer que não há neutralidade diante das opressões. As ações do CFESS/CRESS demonstram esforços para firmar esse compromisso, reafirmando o compromisso do/a assistente social com a transformação das estruturas racistas e na promoção da justiça social. |