| Resumo |
Introdução: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam as principais causas de morte e incapacidade a nível mundial, sendo consideradas um grande problema de saúde pública. Em 2019, 54,7% dos óbitos registrados no Brasil foram causados por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), sendo o Norte e o Nordeste as regiões brasileiras que tendem a apresentar as maiores taxas de mortalidade a nível nacional. Sabe-se que apesar da elevada taxa de mortalidade, as principais DCNT são causadas por vários fatores ligados aos hábitos de vida, como o tabagismo e a inatividade física, que podem ser modificados a fim de se alcançar melhor qualidade de vida. Objetivos: Descrever as tendências das prevalências de fatores de risco para DCNT (excesso de peso, tabagismo e inatidade física) na população adulta nas capitais brasileiras, no período de 2011 a 2019, segundo sexo e raça/cor. Método: estudo de série temporal utilizando dados de adultos (18 anos ou mais), residentes nas capitais brasileiras e Distrito Federal, obtidos pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), entre 2011 a 2019. Realizaram-se experimentos de análise de tendência, utilizando modelos de regressão linear para análise da magnitude e identificação de tendências significativas (p-valor < 0,05) na variação temporal. Esses modelos tiveram como desfecho a prevalência dos fatores de risco e como variável explanatória o ano do levantamento. O coeficiente de regressão do modelo (B) será expresso em pontos percentuais no período (pp) e indica a variação média anual. O projeto Vigitel foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para Seres Humanos (Conep) do Ministério da Saúde (CAAE: 65610017.1.0000.0008). Resultados: Incremento de maior magnitude na prevalência do excesso de peso foi observado entre mulheres (em média 1,02 pp/ano, p<0,001) e entre pessoas de raça/cor negra (em média 0,97 pp/ano, p<0,001). Verificou-se também maiores magnitudes de redução na prevalência de tabagismo entre homens (em média 0,50 pp/ano, p=0,002) e indivíduos da raça/cor branca (em média 0,46 pp, p=0,001). Em relação à inatividade física, observou-se maiores magnitudes de aumento entre as mulheres (em média 0,94 pp, p<0,001) e pessoas de raça/cor negra (em média 0,94 pp, p<0,001). Conclusões: Observou-se um aumento importante na prevalência do excesso de peso e inatividade física nas mulheres e em pessoas de raça/cor negra e uma redução na prevalência de tabagismo entre os homens e pessoas de raça/cor branca, acentuando as diferenças existentes na prevalência dos fatores de risco e proteção existentes entre os sexos e a raça/cor de brasileiros. |