| Resumo |
INTRODUÇÃO: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET Saúde/Viçosa-MG é uma iniciativa do Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Valorização das Trabalhadoras no SUS. Desenvolvido de forma integrada a serviços de saúde local, o PET/UFV contribui na formação de estudantes e profissionais, tendo como dos seus eixos saúde mental e as violências relacionadas ao trabalho na saúde. Assim, dentre os diversos temas abordados na aplicação dos questionários, buscou-se evidenciar aqui uma análise sobre a percepção das e dos trabalhadores da APS acerca das violências relacionadas ao trabalho. Como evidenciado por Minayo (2009), a violência configura-se enquanto um fenômeno complexo e multifacetado. Dessa forma, entendendo o caráter complexo da violência e os impactos resultantes desse fenômeno, este resumo destaca resultados obtidos a partir da aplicação de questionário. OBJETIVO: O presente estudo buscou compreender a percepção das trabalhadoras e trabalhadores da saúde sobre as diversas formas de violência vivenciadas no contexto laboral. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada a partir de dados obtidos a partir da aplicação de questionários estruturados à profissionais atuantes nas 20 equipes de saúde da família e nas 2 equipes de E-multi do município de Viçosa. Os questionários continham perguntas acerca dos aspectos sociodemográficos, dos níveis de estresse, das relações de gênero e das formas de violência presentes no cotidiano de trabalho e foram aplicados no período de 19/05 a 19/06 de 2025. Os níveis de estresse foram analisados por escala tipo Likert, e as manifestações de violência foram categorizadas conforme a natureza da agressão RESULTADOS: Foram respondidos, no total, 194 questionários. Os dados revelaram que a agressão verbal e o assédio moral são as formas mais comuns de violência percebidas pelos participantes, seguidas por relatos de assédio sexual, discriminação racial, etarismo e violência de gênero, incluindo LGBTfobia. Observou-se uma dificuldade por parte dos profissionais em nomear as formas de violência postas no contexto laboral. Além disso, percebe-se que apesar de muitos profissionais perceberem a existência da violência em algumas situações, notou-se um grande receio em falar da temática e de certa forma, uma naturalização de situações vivenciadas no cotidiano do trabalho. Destaca-se que a maioria das(os) respondentes afirmou desconhecer ou não confiar nos canais institucionais de denúncia, o que contribui para a subnotificação e perpetuação das violências no trabalho A análise evidenciou ainda que os marcadores sociais de diferença, como gênero, raça e orientação sexual, contribuem para maior vulnerabilidade, reforçando desigualdades estruturais. Diante disso, destaca-se a urgência da implementação de ações institucionais de acolhimento, capacitação e enfrentamento efetivo das violências no ambiente de trabalho, visando a promoção de equidade e saúde mental nas equipes de saúde. |