| Resumo |
Durante a fase inicial do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) ocorre o período de observação das aulas escolares, quando os estudantes universitários (IDs) têm o primeiro contato com a escola-campo, antes das etapas de co-participação e regência. Nesse momento, ao observar as aulas de Educação Física de uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental, identificou-se uma dificuldade significativa de cooperação entre os alunos. Embora participativos, quando envolvidos em atividades coletivas de caráter competitivo demonstravam forte rivalidade — inclusive dirigida a colegas específicos — o que prejudicava o andamento das aulas e a execução das atividades propostas, pois conflitos recorrentes e comportamentos competitivos exagerados eram frequentes. Diante desse diagnóstico, e em alinhamento ao plano de ensino elaborado para a turma, as duas primeiras aulas de regência foram organizadas em torno do tema “A Cooperação e a importância de cooperar”, utilizando o conteúdo de Jogos e Brincadeiras como meio pedagógico. O propósito central foi provocar reflexão sobre atitudes e comportamentos, favorecendo a compreensão da convivência harmoniosa e do trabalho em grupo. Estruturou-se, então, uma sequência de duas aulas com jogos cooperativos em complexidade crescente (iniciando em duplas, depois equipes e, por fim, envolvendo toda a turma). As propostas dialogaram diretamente com a habilidade EF35EF02 da Base Nacional Comum Curricular, que orienta o planejamento de estratégias para garantir a participação segura e inclusiva de todos em brincadeiras e jogos populares, inclusive os de matriz indígena e africana. Desde as primeiras atividades, observou-se que a competitividade estava muito presente, tornando a execução desafiadora. No entanto, a introdução de valores da cooperação (como respeito, solidariedade, empatia, diálogo, entre outros) nas atividades trouxe mudanças perceptíveis: os alunos leram mensagens, refletiram, discutiram e, gradualmente, passaram a ajustar suas próprias atitudes. Na segunda aula, os alunos revisaram os conteúdos anteriores e aprofundaram a relação entre os valores da cooperação e ações práticas. O efeito acumulado foi expressivo: os alunos começaram a valorizar a cooperação, reduzir conflitos e reconhecer a importância de atuar em grupo. Em aulas subsequentes, passaram inclusive a se cobrar mutuamente por comportamentos colaborativos, demonstrando que não só aprenderam o conceito, mas começaram a aplicá-lo de forma concreta. Conclui-se que essa sequência de aulas contribuiu para transformar a dinâmica relacional da turma, promovendo aprendizagens motoras e socioemocionais (atitudinais). A experiência reforça o papel da Educação Física como espaço privilegiado para o desenvolvimento de valores éticos, solidários e respeitosos, essenciais à vida em sociedade. |