| Resumo |
O ensino da Química na Escola enfrenta desafios relacionados às dificuldades dos alunos em aprenderem o conteúdo apresentado e a limitada formação docente voltada a adaptar materiais didáticos e metodologias para favorecer a aprendizagem de todos. Nesse sentido, podemos inferir que a inclusão de pessoas com deficiência na Escola pode se tornar realidade na medida em que incentiva os professores a repensarem suas abordagens metodológicas relacionadas ao ensino de Química, adaptando os conteúdos para contemplar os alunos que apresentam algum tipo de Necessidade Educativa Especial (NEE). Entretanto, verificamos por meio de pesquisas algumas fragilidades no ensino de Química voltado às pessoas com deficiência, o que leva a exclusão no âmbito da formação científica e da construção da cidadania plena. Assim, buscando conciliar as dificuldades da turma para compreender à classificação das cadeias carbônicas e a necessidade de adaptação do conteúdo para um aluno com deficiência visual, foi elaborada uma aula em uma Escola Pública de Viçosa (MG) com intuito de produzir protótipos de cadeias carbônicas e desenvolver atividades lúdicas que pudessem favorecer a interação do estudante cego com toda a turma, além de abordar o conteúdo de forma prática e sensorial (tátil), de modo a ser adaptado à condição do aluno. Para tanto, esta aula consistiu na divisão da turma em grupos de quatro alunos, sendo um integrante do grupo vendado para que todos pudessem participar, inclusive o aluno cego. Os demais integrantes do grupo observavam a representação da molécula que a professora desenhava no quadro e montavam as estruturas com palitos de dente e balas de goma. O aluno vendado deveria classificar a cadeia carbônica em aberta, fechada, normal, ramificada, saturada, insaturada, homogênea e heterogênea, utilizando para isso apenas o tato. Dessa forma, foi possível apresentarmos para a turma uma forma adaptada para aprender Química Orgânica, que inclua o aluno cego, bem como mostrar que é possível a uma pessoa cega acessar o mesmo nível de conhecimento de todos os demais colegas da turma, desde que tenhamos as devidas adaptações. Ao final da atividade constatamos uma expressiva interação do aluno cego com os demais colegas da turma, favorecendo a construção social do conhecimento em sala. Foi concluído também pelo relato dos alunos e a devolutiva da atividade (avaliação da dinâmica) um avanço no entendimento do conteúdo de Química Orgânica abordado. Além disso, verificamos o empenho de todos em auxiliar os colegas do grupo, bem como o aluno cego. Com base nestes resultados, podemos concluir sobre a importância e a necessidade de fomentarmos atividades lúdicas com foco inclusivo na Escola, buscando favorecer a aprendizagem da Química por todos os alunos, em um ambiente educacional que acolhe e respeita a diversidade. |