| Resumo |
Este projeto de pesquisa propõe uma abordagem antropológica da cultura organizacional em uma empresa familiar de médio porte localizada na Zona da Mata mineira, com atuação no setor de acabamentos e construção civil. A proposta parte do reconhecimento de que empresas familiares não operam apenas como unidades produtivas, mas constituem campos simbólicos nos quais relações de parentesco, memória coletiva, afetividade e estratégias de pertencimento são constantemente atualizadas e negociadas. Com base em uma leitura etnográfica e interpretativa da realidade organizacional, busca-se compreender como valores, práticas e narrativas moldam as relações entre trabalhadores e empregadores, especialmente em contextos marcados por diferentes gerações e por processos de modernização em curso. A empresa investigada é gerida por membros da segunda e terceira geração da família fundadora e apresenta um quadro funcional de aproximadamente 200 trabalhadores, dos quais cerca de um terço possui mais de dez anos de vínculo, evidenciando a relevância da memória institucional para a manutenção da cultura organizacional. O estudo adota uma metodologia qualitativa, com base em observação participante, entrevistas semiestruturadas e análise documental. A seleção dos participantes será orientada por amostragem estratificada, considerando faixa etária, tempo de vínculo e unidade de lotação, de forma a garantir a representatividade das trajetórias institucionais e da diversidade geracional no campo. A análise dos dados será conduzida por meio da análise temática, articulando categorias teóricas prévias — como memória, tradição, identidade e cultura — a categorias emergentes dos relatos dos sujeitos. A história oral será mobilizada como instrumento epistemológico capaz de revelar sentidos profundos da experiência organizacional, tornando visíveis as dinâmicas simbólicas e afetivas que estruturam o cotidiano do trabalho. Espera-se como resultado que a pesquisa evidencie de que modo a cultura organizacional funciona como um sistema simbólico dinâmico, no qual coexistem continuidade e transformação, reforçando pertencimentos e instaurando disputas por legitimidade, autoridade e reconhecimento entre os diferentes grupos que compõem o ambiente corporativo. Ao lançar luz sobre essas dimensões, o estudo contribui para o avanço das reflexões antropológicas sobre organizações e amplia o entendimento das relações de trabalho em contextos de empresas familiares marcados por processos de mudanças. |