| Resumo |
O Brasil, maior produtor e exportador de café, enfrenta o desafio da sustentabilidade. O beneficiamento do café gera grande volume de casca (aprox. 50% da produção), um resíduo com potencial ambiental negativo, mas rico em cafeína e compostos bioativos de interesse comercial. Com o objetivo de agregar valor a esse resíduo e promover a sustentabilidade, este trabalho buscou levantar a infraestrutura mínima necessária nas propriedades cafeeiras para implantar uma unidade de processamento de cascas para chá. Concluiu-se, através de entrevistas e literatura, que é um mercado pouco explorado, porém com aparente perspectiva de crescimento. A metodologia envolveu uma pesquisa de mercado online para analisar o cenário de venda e preços do chá da casca de café. Complementarmente, foram realizadas 50 entrevistas presenciais na Semana Internacional do Café (SIC) em Belo Horizonte, em novembro de 2023. Questionários específicos foram aplicados a baristas, consumidores e produtores de café, utilizando uma escala de resposta de "Nunca" a "Muita frequência", a fim de coletar dados sobre o interesse, percepção e potencial de mercado do chá da casca de café. A pesquisa de mercado revelou um preço médio de R$ 53,87/100g para o chá da casca de café, justificado pela baixa oferta, origem de cafés especiais e design de embalagem. As entrevistas na SIC 2023 indicaram um potencial promissor. Baristas demonstraram interesse na venda e consideram o produto rentável. Consumidores, embora poucos (25,7%) tenham provado o chá, apresentaram alta aceitação (70% gostaram) e grande interesse em experimentá-lo (68% dos que não provaram). A baixa disponibilidade (74% nunca viram o produto) é o principal entrave, mas, se acessível, 94% dos consumidores o consumiriam. Entre os produtores, a maioria (82%) retorna a casca para a lavoura, e uma pequena parcela a comercializa atualmente. Contudo, há um interesse significativo em vender a casca para o mercado de bebidas (50% muito interessados em incrementar a renda), e mais da metade (54,6%) vê o mercado como promissor. A implementação do processamento de cascas exige poucas etapas adicionais à pós-colheita do café (secagem, embalagem, comercialização e distribuição), permitindo o aproveitamento integral do fruto: grãos para a bebida principal e casca/polpa para o chá, tornando-o um subproduto rentável e sustentável. |