| Resumo |
O uso de seções de aço preenchidas com concreto tem sido cada vez mais explorado no setor da construção por combinar estrategicamente as propriedades do concreto e do aço. Apesar disso, sabe-se que a retração volumétrica do concreto pode prejudicar a interface entre os dois materiais, podendo até mesmo causar descolamento, o que se torna um fator crítico quando a aderência é o principal mecanismo de interação entre eles. Para mitigar tais efeitos, o uso de aditivos expansores tem se mostrado uma estratégia eficiente. Por meio da formação de cristais expansivos na matriz, esses agentes combatem a retração excessiva, podendo, inclusive, gerar micro expansão. Apesar disso, o uso desses aditivos também pode provocar efeitos indesejados, sendo necessário entender mais profundamente todos os impactos gerados por tais componentes. Com base nisso, o presente trabalho tem como objetivo revisar a literatura recente sobre os mecanismos de ação, benefícios e limitações dos agentes expansores baseados em hidróxido de cálcio (CaO), hidróxido de magnésio (MgO) e sulfoaluminato de cálcio (CSA). Para isso, foram analisados artigos científicos publicados entre 2015 e 2025, relacionados aos efeitos dos aditivos expansores na fluidez de concretos, à resistência em ensaios push-out e à avaliação da durabilidade das matrizes cimentícias. Os resultados mostram que as expansões induzidas podem elevar a resistência de aderência entre concreto e aço em torno de 35%, alcançando até 60% quando aliadas a outras técnicas, como a utilização de fibras metálicas. A proporção ideal de aditivo varia conforme a composição do concreto e a geometria da seção, sendo comumente empregada na faixa de 4% a 8%. Em situações específicas, podem ser aplicados teores entre 6% e 12% se combinados a métodos de cura interna, como o uso de agregados leves saturados ou biochar. No caso de concretos de ultra alto desempenho leve, observou-se que adições superiores a 8% aceleram a carbonatação da portlandita, comprometendo a durabilidade ao reduzir a proteção alcalina ao aço. Além disso, os expansores à base de CaO e MgO disputam a água disponível com o cimento Portland, prejudicando a fluidez da mistura, enquanto os de CSA exigem maior disponibilidade de água livre e são mais sensíveis à relação água/cimento, o que também pode afetar a trabalhabilidade e resistência do concreto. Dessa forma, conclui-se que, embora os aditivos expansores ofereçam benefícios significativos para a resistência adesiva em seções de aço preenchidas com concreto, é fundamental ajustar cuidadosamente suas dosagens a cada aplicação. Essa precaução garante a manutenção da fluidez, da durabilidade e da aderência desejadas, evitando efeitos adversos que possam comprometer o desempenho estrutural ao longo do tempo. |