| Resumo |
Esta pesquisa tem como objetivo analisar a percepção do racismo institucional na Universidade Federal de Viçosa (UFV), a partir dos relatos e experiências de docentes, discentes e técnicos administrativos, considerando as dimensões estrutural e simbólica do racismo no cotidiano universitário. A investigação insere-se no campo das pesquisas qualitativas e foi desenvolvida com base na metodologia de grupos focais, realizados em encontros distintos para cada segmento. Durante as rodas de conversa, os participantes responderam, de forma anônima, a um painel estruturado com três perguntas norteadoras: “Você sabe o que é? Acontece na UFV? Como ele se manifesta na sua percepção e experiência?”, “Como você se sente diante dessa realidade?” e “Quais suas sugestões para o seu combate?”. Além das respostas escritas, foram coletados relatos audiovisuais que complementam e aprofundam as vivências descritas. Todo o material foi transcrito fielmente por meio da plataforma Dovetail, assegurando a integridade dos depoimentos. A análise dos dados está em andamento com apoio do software IRaMuTeQ, que possibilita a categorização e interpretação estatística de grandes volumes de texto por meio de recursos como Nuvem de Palavras e Análise de Similitude. Nesta apresentação, são compartilhados resultados preliminares correspondentes ao segmento dos docentes e às duas primeiras perguntas do painel. A análise exploratória, com base na nuvem de palavras, revela a predominância dos termos “racismo”, “institucional”, “negro” e “UFV”, evidenciando uma compreensão clara do fenômeno e sua associação direta com o contexto acadêmico. Termos como “manifestar”, “forma”, “acontecer”, “instituição”, “professor”, “trabalho” e “espaço” também se destacam, indicando que os sujeitos percebem o racismo institucional como parte de estruturas e práticas rotineiras da universidade. A análise de similitude reforça a recorrência de percepções relacionadas ao silenciamento, exclusão, ausência de representatividade e sofrimento psíquico como principais efeitos do racismo institucional, com destaque para palavras como “impotência”, “angústia” e “desvalorização”. Os relatos também apontam críticas à escassa presença de pessoas negras em cargos de decisão e à deslegitimação das pautas raciais no ambiente universitário, o que evidencia o funcionamento de mecanismos institucionais excludentes, ainda que velados. A continuidade das análises permitirá aprofundar a identificação de padrões linguísticos, narrativas de resistência e formas de mobilização coletiva, contribuindo para o enfrentamento das práticas racistas e para a formulação de estratégias institucionais que promovam a inclusão e a justiça racial no espaço universitário. |