| Resumo |
A alimentação rica em lipídios e carboidratos faz parte de grande parte das populações humanas e estão relacionadas a alterações metabólicas, sendo o consumo de derivados de plantas uma alternativa para minimizar possíveis danos. As antocianinas (ANTH) têm importante ação antioxidante, reduzindo espécies reativas de oxigênio. A casca da jabuticaba (Myrciaria cauliflora), por conter altos níveis de ANTH (362,0 mg/100g), destaca-se como fonte desses compostos. Como os rins são fundamentais no controle metabólico, justifica-se analisar possíveis efeitos nefrotóxicos ao usar extratos de plantas na dieta. Assim, objetiva-se avaliar os efeitos da suplementação de casca de jabuticaba liofilizada em marcadores de dano oxidativo e biométrico de rins de camundongos que receberam dieta hipercalórica. Foram utilizados 12 camundongos divididos em 3 grupos (n=4): G1 (controle): dieta padrão; G2 e G3: dieta hiperlipídica rica em frutose (HFHF) por 12 semanas, sendo que o G3 após seis semanas recebeu suplementação com extrato liofilizado de casca de jabuticaba (200mg/100g de ração) por mais seis semanas. Ao final das 12 semanas, os animais foram pesados, eutanasiados, e os rins dissecados e pesados para cálculo do índice nefrossomático (INS = PR/PC × 100), onde PR é o peso total dos rins e PC o peso corporal. Os rins também foram processados para análise da atividade de malondialdeído (MDA) e proteína carbonilada (PRC). Os dados foram expressos em média ± desvio padrão e comparados pelo teste de Tukey (p<0,05). O projeto teve aprovação da CEUA/UFV (10/2023). Como resultado, observou-se o valor médio do peso corporal do G1 de 24,67g ±1,12; do G2 de 26,01g ±2,20; e do G3 de 27,97g ±3,28. O peso renal do G1 de 0,1147g ±0,012; do G2 de 0,1275g ±0,003; e do G3 de 0,1203g ±0,005. Os valores de INS para G1 foram de 0,93% ±0,07; para G2 foram de 0,99% ±0,08; e para G3 foram de 0,92% ±0,1. Os valores de MDA (em U/mg proteína) para o G1 foram de 0,33 ±0,086, para o G2 de 0,4 ±0,09, para o G3 0,31 ±0,04. Os valores de PRC para o G1 foram de 19,72 ±1,78, para o G2 foi 17,41 ±1,94, para o G3 18,7 ±2,8. Apesar de não ter sido observada diferença estatística nos parâmetros, verificou-se uma tendência de aumento do peso corporal nos grupos tratados com dieta HFHF e HFHF+CJL. Além disso, no grupo que recebeu a casca de jabuticaba, notou-se uma tendência de os valores de INS, peso renal, MDA e PRC se aproximarem dos apresentados pelo grupo controle. O MDA, fornece dados sobre lesão oxidativa sofrida pelas membranas celulares. Assim, a tendência encontrada poderia indicar um efeito protetor antioxidante da jabuticaba sobre o tecido renal, necessitando estudos que testem outras doses ou tempos de exposição. Conclui-se que tanto a dieta hipercalórica, quanto a suplementação com casca de jabuticaba não demonstraram efeitos nefrotóxicos, nas doses e tempos de exposição testados, mas a tendência é a casca de jabuticaba retomar valores próximos a os de animais sem dieta hipercalórica. |