| Resumo |
Introdução: A adolescência compreende a faixa etária dos 10 aos 19 anos, dividida em três fases: inicial (10 a 13 anos), intermediária (14 a 16 anos), e final (17 a 19 anos). A obesidade é um grave problema de saúde pública e vem aumentando na população adolescente. É importante considerar que a relação entre o excesso de gordura corporal e doenças cardiometabólicas já é conhecida. Objetivo: Avaliar a concordância entre o Índice de Adiposidade Corporal (IAC) e o Equipamento de Absortometria de Raios-X de Dupla Energia (DEXA) para estimativa de gordura corporal em adolescentes, segundo o sexo e fase da adolescência. Metodologia: Estudo transversal com dados secundários de 1188 adolescentes de ambos os sexos, com idade de 10 a 19 anos. O DEXA foi utilizado para avaliar o percentual de gordura corporal (%GC). Foram aferidos estatura e perímetro do quadril (PQ). O IAC foi calculado usando as medidas do PQ (cm) e da estatura (m), sendo expresso em porcentagem e classificado com pontos de corte específicos para adolescentes, segundo sexo e fase, conforme proposta de Morais et al. (2021). As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS for Windows, versão 20.0. Adotou-se nível de significância de p<0,05. A concordância entre IAC e DEXA foi avaliada pelo teste de Kappa. Resultados: A maioria da população era do sexo feminino (67,7%; n=804), que apresentaram maiores prevalências de excesso de GC classificado pelo DEXA, comparadas aos meninos, com aumento da fase inicial para a intermediária e redução da intermediária para a final. Nos meninos, essas prevalências reduziram ao longo de todas as fases. Nas adolescentes mais jovens, 38,1% (n=59) apresentou %GC elevado pelo IAC e 44,5% (n=69) pelo DEXA. Na fase intermediária, o percentual foi de 62,8% (n=226) segundo o IAC e de 75,6% (n=272) pelo DEXA. Na final, 47,8% (n=138) apresentou excesso de GC pelo IAC e 75,1% (n=217) pelo DEXA. Nos meninos, na fase inicial, 36,9% (n=62) apresentou %GC elevado pelo IAC e 38,7% (n=65) pelo DEXA. Na intermediária, os valores foram de 34,5% (n=30) pelo IAC e 25,3% (n=22) pelo DEXA. Na final, a prevalência foi de 25,6% (n=33) pelo IAC e 20,2% (n=26) pelo DEXA. Observou-se concordância entre o IAC e o DEXA, com valores de p<0,001 em ambos os sexos e em todas as fases da adolescência. No sexo feminino, verificou-se concordância substancial na fase inicial (kappa=0,682), moderada na intermediária (kappa=0,489) e regular na final (kappa=0,357). Nos meninos, a concordância foi substancial em todas as fases (inicial: kappa=0,684; intermediária: kappa=0,783; final: kappa=0,716). Conclusões: A concordância foi melhor no sexo masculino, o que sugere menor precisão do IAC para estimar o %GC em adolescentes do sexo feminino, especialmente na fase final. Esses achados reforçam a importância de considerar o sexo e a fase na escolha dos métodos de avaliação da composição corporal na adolescência. Agradecimentos: FAPEMIG, CAPES, CNPq, PPGCN/UFV. |