| Resumo |
As abelhas desempenham um papel ecológico fundamental na manutenção da biodiversidade e na sustentabilidade dos ecossistemas, atuando como polinizadoras essenciais para a reprodução de espécies vegetais cultivadas e silvestres. Essa função garante não apenas o equilíbrio ambiental, mas também contribui para a segurança alimentar. No entanto, populações de abelhas têm sofrido declínio devido a ações antrópicas como o desmatamento, o uso indiscriminado de agroquímicos e as mudanças climáticas. Diante desse cenário, torna-se urgente promover ações de educação ambiental que estimulem a reflexão crítica e o engajamento social em prol da conservação desses insetos. O projeto de extensão “Abelhas sem ferrão e conservação ambiental: Universidade e comunidade em ação” tem promovido atividades educativas com foco na conscientização sobre a importância ecológica das abelhas e os riscos associados à sua redução. Este trabalho analisa os desdobramentos da atividade “De olho na notícia”, realizada com 59 alunos da Educação Básica de quatro escolas públicas de Viçosa (MG), com o objetivo de fomentar o pensamento crítico e a construção colaborativa de conhecimentos sobre a temática. A atividade teve início com a leitura e discussão de uma reportagem jornalística que abordava os serviços ecossistêmicos prestados pelas abelhas e os impactos negativos de ações humanas sobre suas populações. Em seguida, os estudantes foram convidados a assumir o papel de cientistas e, organizados em grupos, deveriam identificar três prováveis causas para o declínio das abelhas e propor soluções possíveis. As ideias elaboradas foram socializadas e debatidas coletivamente, favorecendo o diálogo, a escuta ativa e a valorização da diversidade de percepções. Entre os fatores de ameaça mencionados pelos participantes destacaram-se as mudanças climáticas (38%), o desmatamento (31%), o uso intensivo de agroquímicos (27%) e a poluição (4%). Como estratégias de mitigação, 28% dos estudantes sugeriram a regulamentação do uso de agroquímicos, 28% a implementação de projetos de reflorestamento, 20% o cultivo de plantas atrativas às abelhas, 16% medidas de redução do desmatamento, 1% o aumento de punições relacionadas à queimadas ilegais e 1% a ampliação da educação ambiental nas escolas. A atividade proporcionou um espaço de troca de saberes entre universidade e escola, fortalecendo o protagonismo estudantil e contribuindo para a formação de uma consciência ambiental crítica. Além dos impactos positivos para os estudantes da Educação Básica, a ação também foi formativa para a graduanda extensionista responsável, que teve a oportunidade de desenvolver competências comunicativas, didáticas e socioambientais a partir da experiência prática em contextos escolares. Assim, a proposta revelou-se eficaz e significativa tanto no sentido educativo quanto formativo, reiterando o papel transformador da extensão universitária na promoção do diálogo entre ciência, educação e sociedade. |