| Resumo |
INTRODUÇÃO: As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são fundamentais para garantir a segurança dos alimentos e são exigidas pela legislação como parte dos programas de controle de qualidade higiênico-sanitária. A fiscalização do cumprimento dessas práticas é realizada pelos serviços de Vigilância Sanitária, cuja atuação é essencial para a prevenção de riscos à saúde da população. OBJETIVOS: Analisar as percepções de fiscais sanitários de um município da zona da mata de Minas Gerais sobre a implantação das BPF por proprietários e manipuladores de estabelecimentos alimentícios, identificando possíveis desafios na fiscalização sanitária. MATERIAIS E MÉTODOS: Este estudo adotou uma abordagem qualitativa, descritiva exploratória, por meio de entrevista individual com perguntas abertas, dentre elas: “Quais os desafios você percebe na implementação das BPF pelos donos de estabelecimentos e manipuladores de alimentos?”. Participaram do estudo 11 fiscais sanitários que consentiram, assinando o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), as entrevistas foram gravadas por meio de áudio e depois transcritas. A análise qualitativa e interpretativa do corpus foi discutida à luz do referencial teórico de Bardin (2011) e Minayo (2014), por meio da Análise de Conteúdo; complementada pela Análise de Similitude no software IRaMuTeQ (versão 0.7 alpha 2). RESULTADOS: A partir da análise realizada do corpus textual foi possível observar que a palavra “desafio” é ponto central, como esperado, e conectada a termos como “praticar”, “passar”, “aceitar” e “novo” evidenciando que a adoção das BPF envolve mudanças na maneira de agir no processo de trabalho. A superação de obstáculos cotidianos nos estabelecimentos, aceitação de novas formas de trabalho por parte dos proprietários e manipuladores de alimentos, e prática constante em busca do aperfeiçoamento foram narrativas presentes nos discursos dos fiscais. A associação com o termo “dono” reforça a importância do gestor e uma liderança no processo da manipulação dos alimentos, enquanto palavras como “pagar” e “mudança” indicam que há barreiras econômicas e dificuldades para se adequar às exigências das legislações. Além disso, termos como “gente” e “querer” apontam que o comprometimento individual é essencial, ressaltando que a implementação das BPF depende tanto de conhecimento técnico quanto de motivação e ações de mudança em se adequar ao que é preconizado. CONCLUSÃO: Este estudo demonstrou que, apesar da importância das BPF para a segurança dos alimentos, sua implementação enfrenta desafios ligados a questões comportamentais, econômicas e de gestão. O cumprimento das normas exige não só obediência à legislação, mas também engajamento e ações de proprietários e manipuladores, reforçando a importância de fortalecer a comunicação da Vigilância Sanitária com esses e ampliar a conscientização sobre a garantia da segurança dos alimentos em toda a cadeia de produção e distribuição, prevenindo riscos à saúde da população. |