| Resumo |
Introdução: A pandemia da Covid-19, um dos maiores desafios sanitários globais do século, provocou mudanças abruptas nas rotinas dos estudantes universitários¹. Essas alterações, somadas à incerteza quanto ao futuro e à intensificação de preocupações, contribuíram para o agravamento da magnitude de desordens emocionais como depressão, ansiedade e estresse². Objetivo: analisar a prevalência e os níveis de depressão, ansiedade e estresse em estudantes universitários no contexto pós-pandemia da Covid-19 e sua relação com fatores sociodemográficos e psicossociais. Metodologia: estudo transversal e multicêntrico, realizado em quatro universidades públicas mineiras, entre outubro de 2022 e abril de 2024. A coleta de dados foi realizada de forma online, utilizando um questionário de caracterização sociodemográfica e psicossocial e a Depression, Anxiety and Stress Scale (DASS 21)³. A análise estatística foi conduzida por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), utilizando os testes de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e correlação de Spearman. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa (número do parecer: 5.700.107). Resultados: participaram do estudo 2.333 estudantes, com mediana de idade de 22,00 (20,00-24,00), sendo 1.764 (75,6%) do sexo feminino e 1.127 (48,3%) matriculados em cursos da área das ciências biológicas e da saúde. Foram identificadas prevalências superiores a 75% para depressão, ansiedade e estresse. Além disso, fatores sociodemográficos e psicossociais como: sexo, cor da pele, participação em programas de assistência estudantil e acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico, associaram-se estatisticamente aos níveis dos construtos (p<0,001). Observou-se uma relação inversamente proporcional entre autopercepção da saúde física e níveis de depressão (-0,362), ansiedade (-0,335) e estresse (-0,315), bem como autopercepção da saúde mental e depressão (-0,581), ansiedade (-0,517) e estresse (-0,518) (p<0,001). Conclusões: a pandemia impactou negativamente na saúde mental dos universitários, agravando a vulnerabilidade emocional e evidenciando a necessidade da adoção de estratégias e políticas institucionais voltadas à promoção de saúde mental que possam mitigar as desordens investigadas, sobretudo atuando em fatores modificáveis. |