| Resumo |
A crescente preocupação com os impactos ambientais e a busca por alternativas mais sustentáveis vêm estimulando o desenvolvimento de novos materiais, sobretudo para a indústria da construção civil. Nesse contexto, os biocompósitos, constituídos por matrizes poliméricas associadas a fibras naturais, surgem como solução viável e ecologicamente correta. O presente estudo teve como objetivo produzir e caracterizar tábuas compostas por policloreto de vinila (PVC) associadas a fibras vegetais do bambu Dendrocalamus asper, avaliando suas propriedades físicas e mecânicas com base em diferentes acabamentos superficiais: sem lixar, lixada e texturizada. A formulação empregada foi de 50 kg de PVC em pó, 11,06 kg de carbonato de cálcio (CaCO₃) como carga mineral e 26,32 kg de fibras de bambu com até 2 mm de comprimento. A extrusão foi realizada em equipamento de dupla rosca cônica, operando a uma temperatura média de 185°C, para a fabricação de tábuas com dimensões de 1,40 m × 10 cm × 2 cm. Para a caracterização das propriedades físicas, foi determinada a densidade aparente de acordo com a norma ABNT NBR 7190:2022 de forma adaptada, utilizando amostras com 2 cm de altura, 5 cm de largura e 5 cm de comprimento. Os ensaios mecânicos de dureza Janka e flexão estática foram realizados em máquina universal de ensaio Contenco, com coleta de dados via software Pavitest, em conformidade com a mesma norma técnica. Os resultados revelaram que a densidade aparente média das tábuas foi de 1,39 g/cm³, sem variações significativas entre os diferentes acabamentos. Quanto ao módulo de ruptura (MOR), os valores obtidos foram de 33,98 MPa (lixada), 37,17 MPa (sem lixar) e 32,08 MPa (texturizada), evidenciando desempenho semelhante entre os tratamentos. O módulo de elasticidade (MOE) apresentou maior variação, com 4948,5 MPa (lixada), 7782 MPa (sem lixar) e 5895,5 MPa (texturizada). Já a dureza Janka resultou em 141,76 MPa (lixada), 150,29 MPa (sem lixar) e 145,29 MPa (texturizada), indicando boa resistência à penetração. A análise dos dados demonstrou que o uso de fibras de bambu em compósitos de PVC pode conferir características físicas e mecânicas adequadas para aplicações específicas na construção civil e/ou no setor moveleiro, como em áreas externas, decks, mobiliários de jardim, assoalhos e painéis ripados. Apesar da elevada densidade e dureza, os baixos valores de MOE e MOR observados indicam limitações em usos estruturais que exijam maior resistência à flexão e elasticidade. Dessa forma, recomenda-se o emprego desses biocompósitos em aplicações com exigências mecânicas moderadas, destacando sua viabilidade como alternativa sustentável ao PVC convencional e seu potencial na valorização de resíduos agroflorestais. |