| Resumo |
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão crítica sobre o papel das oficinas de produção solidária como estratégia de cuidado em liberdade e inclusão social de pessoas em sofrimento psíquico. A temática central trata da articulação entre saúde mental, economia solidária e trabalho no contexto da Reforma Psiquiátrica brasileira. O público-alvo consiste em usuários do Serviço Semente (Instituto Agros/UFV), pessoas em sofrimento psíquico crônico, que participam das oficinas do projeto de extensão SemeArt, vinculado à Universidade Federal de Viçosa. A justificativa baseia-se na importância de fortalecer práticas de cuidado territorializadas, intersetoriais e centradas na singularidade dos sujeitos, que promovam a autonomia, o desenvolvimento de vínculos afetivos e a criação de alternativas reais de geração de trabalho e renda, rompendo com estigmas e exclusões historicamente impostos a esse grupo social. A metodologia adotada incluiu revisão bibliográfica, análise documental e acompanhamento sistemático das oficinas realizadas na sede da ITCP/UFV, com base em uma abordagem participativa e interdisciplinar. Os principais resultados obtidos indicam que as oficinas contribuem de forma significativa para o fortalecimento da autoestima, da convivência comunitária, da expressão subjetiva e da reinserção social dos participantes. Além disso, as oficinas configuram-se como espaços formativos para estudantes e profissionais envolvidos no projeto, estimulando a reflexão crítica e a experimentação de práticas que articulam ensino, pesquisa e extensão. Com isso, conclui-se que a experiência do SemeArt reafirma os princípios da Reforma Psiquiátrica e da Economia Solidária ao propor um modelo de cuidado comprometido com a dignidade, a criatividade, a escuta sensível e o protagonismo dos sujeitos, apesar de enfrentar desafios como limitações orçamentárias, rotatividade das equipes técnicas, estigmas sociais e questões estruturais. O projeto evidencia o papel transformador da universidade pública e das práticas extensionistas na produção de alternativas para os problemas vivenciados pelos sujeitos e na consolidação de políticas públicas comprometidas com os direitos humanos no campo da saúde mental. |