ISSN | 2237-9045 |
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Instituição | Universidade Federal de Viçosa |
Nível | Graduação |
Modalidade | Pesquisa |
Área de conhecimento | Ciências Agrárias |
Área temática | Agronomia |
Setor | Departamento de Solos |
Bolsa | Outros |
Conclusão de bolsa | Não |
Apoio financeiro | Outros |
Primeiro autor | Thais Monteiro de Jesus |
Orientador | IRENE MARIA CARDOSO |
Outros membros | Arthur Queiroz Rosin, Nancy Aide Cardona Casas, Paloma Pereira Dias, Talita Guarconi |
Título | Tecendo os caminhos da memória: solo físico e simbólico nas comunidades atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, Mariana-MG |
Resumo | O processo de modernização, sob a perspectiva colonizadora, subjuga os conhecimentos populares ancestrais desconsiderando-os e entendendo as manifestações da vida enquanto recursos a serem explorados. Isto leva a perdas dos espaços de reprodução da vida nas comunidades tradicionais e de simbolismos. Objetivou-se identificar e compreender as perdas ou enfraquecimento dos rituais ocorridos devido ao rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG). Entrevista semiestruturada e caminhada transversal foram realizadas na comunidade de Campinas em uma unidade familiar atingida pelo rejeito e observações participantes foram feitas durante momentos coletivos. Os dados foram sistematizados e analisados utilizando análises de conteúdo. Em um longo ciclo de relação com a terra, os/as agricultores/as produzem saberes em relação aos plantios, manejo e hábitos alimentares. Percebeu-se a firmeza e orgulho das pessoas nascidas na região e ainda residem e resistem naquele lugar e que trazem lembranças de seus antepassados e dos tempos compartilhados. O rompimento da barragem levou a ruptura da memória construída a partir da observação do ambiente e repassadas pelos ancestrais a partir do registro oral. Esta ruptura criou cenários de antes e pós rompimento. Durante a entrevista, a indignação a respeito das mudanças na capacidade produtiva do solo, da perda de autonomia alimentar e das mudanças drásticas no estilo de vida foram expressas. A mandioca, uma planta ancestral, e as práticas e simbolismos a ela associados foi um dos temas mais salientados. O cultivo da mandioca, para os povos tradicionais, segue um conjunto de conhecimentos associados ao manejo, ferramentas e técnicas utilizadas do preparo do solo ao beneficiamento e formas de seu uso. A mineração desconsiderou a relação das pessoas com seus cultivos, a exemplo da mandioca, colocou a comunidade em situação de insegurança alimentar e abriu as portas para a entrada de uma cultura hegemônica a partir da ótica capitalista. Tais atitudes, apagam a identidade da comunidade a partir da ruptura dos ritos individuais e coletivos com o fim de lucrar e controlar. A vida é feita de ritos, tecidos pelas raízes na construção da identidade. Um povo sem identidade é vulnerável e manipulável facilmente. Portanto, enquanto forma de fortalecimento, sobrevivência e superação da crise civilizatória que ameaça o futuro da espécie é preciso reconhecer os saberes tradicionais, preservar e ativar a memória biocultural, como preconizado pela agroecologia. A memória é o que fortalece e move nossos sonhos na construção de quem somos e é responsável pela sobrevivência da espécie humana. Os principais guardiões da memória são os povos tradicionais e o campesinato. A memória se expressa no saber tradicional compartilhado e reproduzido por meio do diálogo entre as gerações e que promove então, uma modernidade que considera a tradição enquanto base coevolutiva. Agradecimento ao Ministério Público do Trabalho pelo apoio ao projeto. |
Palavras-chave | agroecologia e solos, comunidades tradicionais e rituais, insegurança alimentar |
Forma de apresentação..... | Painel |
Link para apresentação | Painel |
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