“Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil e 96 anos de contribuição da UFV”.

8 a 10 de novembro de 2022

Trabalho 17574

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Agrárias
Área temática Agronomia
Setor Departamento de Solos
Bolsa Outros
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro Outros
Primeiro autor Thais Monteiro de Jesus
Orientador IRENE MARIA CARDOSO
Outros membros Arthur Queiroz Rosin, Nancy Aide Cardona Casas, Paloma Pereira Dias, Talita Guarconi
Título Tecendo os caminhos da memória: solo físico e simbólico nas comunidades atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, Mariana-MG
Resumo O processo de modernização, sob a perspectiva colonizadora, subjuga os
conhecimentos populares ancestrais desconsiderando-os e entendendo as
manifestações da vida enquanto recursos a serem explorados. Isto leva a perdas
dos espaços de reprodução da vida nas comunidades tradicionais e de simbolismos.
Objetivou-se identificar e compreender as perdas ou enfraquecimento dos rituais
ocorridos devido ao rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG).
Entrevista semiestruturada e caminhada transversal foram realizadas na
comunidade de Campinas em uma unidade familiar atingida pelo rejeito e
observações participantes foram feitas durante momentos coletivos. Os dados foram
sistematizados e analisados utilizando análises de conteúdo. Em um longo ciclo de
relação com a terra, os/as agricultores/as produzem saberes em relação aos
plantios, manejo e hábitos alimentares. Percebeu-se a firmeza e orgulho das
pessoas nascidas na região e ainda residem e resistem naquele lugar e que trazem
lembranças de seus antepassados e dos tempos compartilhados. O rompimento da
barragem levou a ruptura da memória construída a partir da observação do
ambiente e repassadas pelos ancestrais a partir do registro oral. Esta ruptura criou
cenários de antes e pós rompimento. Durante a entrevista, a indignação a respeito
das mudanças na capacidade produtiva do solo, da perda de autonomia alimentar e
das mudanças drásticas no estilo de vida foram expressas. A mandioca, uma planta
ancestral, e as práticas e simbolismos a ela associados foi um dos temas mais
salientados. O cultivo da mandioca, para os povos tradicionais, segue um conjunto
de conhecimentos associados ao manejo, ferramentas e técnicas utilizadas do
preparo do solo ao beneficiamento e formas de seu uso. A mineração
desconsiderou a relação das pessoas com seus cultivos, a exemplo da mandioca,
colocou a comunidade em situação de insegurança alimentar e abriu as portas para
a entrada de uma cultura hegemônica a partir da ótica capitalista. Tais atitudes,
apagam a identidade da comunidade a partir da ruptura dos ritos individuais e
coletivos com o fim de lucrar e controlar. A vida é feita de ritos, tecidos pelas raízes
na construção da identidade. Um povo sem identidade é vulnerável e manipulável
facilmente. Portanto, enquanto forma de fortalecimento, sobrevivência e superação
da crise civilizatória que ameaça o futuro da espécie é preciso reconhecer os
saberes tradicionais, preservar e ativar a memória biocultural, como preconizado
pela agroecologia. A memória é o que fortalece e move nossos sonhos na
construção de quem somos e é responsável pela sobrevivência da espécie humana.
Os principais guardiões da memória são os povos tradicionais e o campesinato. A
memória se expressa no saber tradicional compartilhado e reproduzido por meio do
diálogo entre as gerações e que promove então, uma modernidade que considera a
tradição enquanto base coevolutiva. Agradecimento ao Ministério Público do
Trabalho pelo apoio ao projeto.
Palavras-chave agroecologia e solos, comunidades tradicionais e rituais, insegurança alimentar
Forma de apresentação..... Painel
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