“Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil e 96 anos de contribuição da UFV”.

8 a 10 de novembro de 2022

Trabalho 17287

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Comunicação
Setor Departamento de Comunicação Social
Bolsa PIBIC/CNPq
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro CNPq
Primeiro autor Maria Fernanda de Oliveira Ruas
Orientador MARIANA RAMALHO PROCOPIO XAVIER
Título Mães negras e trabalho doméstico: análise discursiva de produtos jornalísticos sobre o "Caso Miguel"
Resumo Este trabalho investiga como discursos midiáticos produzidos durante a pandemia da Covid-19 são capazes de revelar a emergência das diferenças no contemporâneo, a partir de narrativas estabelecidas no ambiente midiático da TV aberta, que surge como um veículo capaz de legitimar/deslegitimar e promover violências contra minorias raciais na contemporaneidade brasileira. Especificamente, procuramos observar como mulheres negras, que perderam os filhos para o racismo, são representadas pela mídia hegemônica, frente a um sistema de opressão. Para isso, toma-se como objeto de análise a sequência de três produtos jornalísticas criados pelo programa Fantástico, da TV Globo, sobre o “Caso Miguel”, no qual um menino de cinco anos foi deixado sozinho em um elevador pela ex-chefe de sua mãe. Ele caiu do nono andar e morreu. Ao exibir essas produções, o telejornal utilizou relatos de Mirtes Renata de Souza (mãe do menino), de pessoas próximas, especialistas e da acusada pelo crime, Sari Corte Real, para elaborar uma narrativa que exclui o debate do campo das violências raciais herdadas nas relações entre empregadas domésticas e chefes brancos/brancas (TEIXEIRA, 2021). Como metodologia, utilizamos a análise do discurso francesa, notadamente a Teoria Semiolinguística proposta por Charaudeau (2005). Assim, considerando os ditos e não ditos estabelecidos nessas narrativas, cabe pensar, o Contrato de Comunicação estabelecido pela mídia, assim como as representações evocadas pelo/para os sujeitos ali postos, bem como explorar os princípios do processo comunicacional (CHARAUDEAU, 2005) e as estratégias de linguagem empregadas às falas dos protagonistas (PROCÓPIO, 2015). Diante disso, este estudo mostra como o racismo, em solo brasileiro, se revela como um problema estrutural, que dá condições para que discriminações ocorram por caminhos institucionais e de modos indiretos (ALMEIDA, 2020). Ainda nesse caminho, os indícios discursivos denunciam a reafirmação do pacto narcísico da branquitude (BENTO, 2002), acionado pelo programa, ao garantir a manutenção de privilégios destinados a pessoas brancas, por meio dos estereótipos ali reforçados mães negras, crianças negras e mulheres brancas. Simultaneamente, pode-se observar a existência de uma lógica que se filia à isenção de responsabilidade, a partir do não reconhecimento da Mirtes como uma mulher violentada racialmente, por meio da construção de discursos que contam a ação de Sari como passível de crítica, mas em âmbitos parcialmente inefetivos, com discussões voltadas exclusivamente à questões de classe. Com isso, tornam-se compreensíveis os impactos que essas lógicas exercem sobre a opinião pública, que não acessa a reflexão sobre as vertentes racistas do crime de Sari, materializada na relação com sua empregada, o que denuncia o racismo individual, mas também sustenta atuações institucionais e estruturais (ALMEIDA, 2020).
Palavras-chave gênero, mídia, racismo
Forma de apresentação..... Vídeo
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