Resumo |
Atividades de mineração artesanal de pequena escala e industrial causam grandes impactos ambientais pelo desmatamento, degradação do solo e poluição por mercúrio. Técnicas de sensoriamento remoto tem sido utilizada para detectar áreas de mineração em regiões remotas e de difícil acesso. A classificação orientada ao objeto (OBIA), assim como as técnicas de machine learning (ML) possuem grande potencial para uso em áreas de mineração, o que possibilitaria identificar áreas de mineração com maior acurácia, além de melhor caracterizá-las, principalmente com relação ao impacto ambiental. Esse trabalho tem o objetivo de classificar e caracterizar áreas de mineração de ouro no Suriname utilizando OBIA com técnicas de ML. A área de estudo localiza-se no nordeste do Suriname, distrito de Silpaliwini. Imagens de satélite Landsat 5 e 8 dos anos 2001, 2008 e 2014, e do Sentinel-2A de 2020, foram utilizadas para análise temporal. Classes de uso e cobertura do solo (CUCS) foram definidas para avaliar as mudanças nos métodos de mineração por escavação mecânica e hidráulica. Foram definidos quatro tipos de solo exposto (solo 1 (cava), solo 2 (rejeito), solo 3 (argiloso) e estrada), cinco tipos de água (clara, escura e com três níveis de sedimentos (baixa, mediana e alta concentração)) e três classes de vegetação (estágio inicial e avançado de regeneração e vegetação primária). 11 bandas espectrais do satélite Sentinel-2A e 7 bandas do Landsat 5 e 8 foram utilizadas. 16 índices espectrais de vegetação, qualidade da água e solos foram gerados. Variáveis com base na OBIA como área, perímetro, forma e ângulo foram realizadas utilizando o software R. Treinamento e validação do modelo proposto foi realizado utilizando o algoritmo Randon Forest. Mapa de classificação foi realizado utilizando o software R. O índice kappa geral foi de 0,90 para classificação da imagem do Sentinel-2A (2020), e média de 0,84 para Landsat 5 e 8. Entre 2001 e 2008 a área de mineração aumentou 100% (1.084 ha), entre 2008 e 2014 aumentou 176% (3.812 ha) e entre 2014 e 2020 o aumento foi 27% (1.592 ha), totalizando 7.568 ha de áreas desmatadas em 2020. 90% do aumento entre 2014 e 2020 foi por escavação mecânica. Nas áreas de escavação mecânica a principal CUCS foi solo exposto (49,5%), seguido por vegetação em regeneração (41,3%) e água (9,2%). Nas as áreas de mineração hidráulica a principal CUCS foi vegetação em regeneração (79,9%), seguida por água (11,4%) e solo exposto (8,7%). Concluímos que foi possível classificar áreas de mineração de ouro utilizando as técnicas de OBIA e ML com ótima acurácia e caracterizar os métodos de mineração por escavação mecânica e hidráulica. A técnica pode contribuir para melhor monitoramento do impacto ambiental e elaboração de políticas públicas para maior controle das áreas de mineração de ouro no Suriname. |