Resumo |
Com a pandemia da Covid-19 as desigualdades sociais, que têm caráter histórico , se intensificaram, de forma que a propagação do vírus SARS-CoV-2 se sucedeu de forma desigual no país (Albuquerque; Ribeiro, 2020). Devido a ampliação do vírus em todo o globo, a Organização Mundial de Saúde declarou pandemia, em março de 2020, e posteriormente lançou os protocolos de higienização mundial Embora a disseminação do novo coronavírus seja global, a crise sanitária apresentou-se com diferentes facetas a cada marcador social. Em razão deste período, se intensificam esforços de Comunicação de Risco, que busca notificar a população do perigo a que a mesma está exposta. Todavia, o Ministério da Saúde, principal órgão responsável pela saúde dos brasileiros, repassou as informações dos riscos sanitários com ênfase generalista, ignorando a heterogeneidade da nação, além de concentrar estas informações nos meios digitais Neste cenário de surto mundial, fez-se necessário adequar a comunicação para os diferentes públicos, levando em consideração o dinamismo das intersecções como gênero, raça, território, faixa etária, entre outras (Covello, 1993). A gestão negacionista do país (Ventura e Bueno, 2021; Caponi, 2020) influenciou na produção das campanhas comunicacionais, que expressaram viés genérico sem adaptação para a população rural (Lopes; Leal, 2020). As mulheres rurais, público-alvo deste estudo, são entrelaçadas por diferentes marcadores sociais e, ainda, vinculadas ao papel de cuidadora dos membros da família e da comunidade (Portella; 1999). Assim, na tentativa de compreender a percepção dos riscos da Covid-19 pelas mulheres rurais, essa pesquisa executa uma combinação de metodologias. Inicialmente ocorreu a revisão bibliográfica para o aprofundamento da temática, que se manteve atualizada ao longo do estudo. Em seguida, o levantamento de dados e uma análise documental nas bases do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema Único de Saúde, sobre a Zona da Mata mineira, o espaço pesquisado. Além da realização de entrevistas semi estruturadas com em 20 mulheres rurais, 10 são moradoras do assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Olga Benário, em Visconde de Rio Branco (MG) e as demais entrevistadas são do bairro Palmital, localizado na zona rural do município de Viçosa (Mg). Apesar da fragilidade ao acesso à informação e aos serviços de saúde, a vacinação contra a covid-19 foi bem vista pelas entrevistadas, uma vez que, todas estavam imunizadas. O principal veículo de informação sobre os riscos da Covid- 19 para as mulheres rurais, é a televisão. O rádio apareceu como fonte secundária, devido ao acesso restrito à internet. Assim, as campanhas elaboradas pelo Ministério da Saúde para o público geral apresentam divergência com a realidade das mulheres rurais e de outras populações. |