Resumo |
Na atualidade, é comum que os sentidos visual e auditivo sejam predominantes em detrimento de outros sentidos corporais. Tal predominância parece ter sido potencializada após surgimento da Pandemia do Coronavírus, pois, no dia a dia de trabalho remoto, tanto professores quanto estudantes passaram elevado número de horas sentados em frente à tela do computador com o corpo imóvel, muitas vezes apenas com movimentos das mãos e dos dedos. Portanto, tornou-se cada vez mais urgente descobrir modos de valorizar e enriquecer a experiência corporal. Dentro desse contexto, o objetivo desta pesquisa é registrar e analisar como os participantes – integrantes do Grupo Rascunho – experienciaram as propostas de ampliação da experiência sensorial e do refinamento da percepção em ambiente remoto e presencial, tema do novo processo criativo. O desenvolvimento do processo criativo está sendo feito através de trabalho colaborativo pelos integrantes do grupo, entre os quais está a estudante bolsista de Iniciação Científica. Os motivos de movimento utilizados como estímulo, até o momento, foram: equilíbrio e desequilíbrio; tensão e relaxamento; reverberação do movimento na face; percepção do movimento através da desautomatização do sentido cinestésico; propriocepção; peso passivo fraco e pesado. Os dados da pesquisa de campo, produzidos nos encontros do Rascunho, estão sendo registrados em áudio, vídeo e diário de bordo da bolsista, e articulados com a literatura de referência. A pesquisa está sendo realizada através do método qualitativo e tem caráter exploratório, situacional e interpretativo. Exploratório e situacional, no sentido de que as pesquisadoras estão em campo buscando respostas para suas perguntas. Interpretativo no sentido de que estão observando ações e comportamentos e realizando interpretações sobre o que foi observado. Até o momento, dentre os estímulos trabalhados no processo criativo, participantes relataram que a atenção à propriocepção foi um dos aspectos mais marcantes, pois proporcionou novos modos de percepção do próprio corpo. Observamos que, no ambiente doméstico, a atenção aos sentidos corporais possibilitou amadurecimento da relação do corpo com o espaço, o que levou à sensação de um corpo mais resiliente. O trabalho de ampliação da percepção permitiu a exploração de padrões de movimentos não usuais, no sentido de desautomatizar automatismos relacionados aos sentidos corporais. No entanto, observamos que, com o decorrer dos ensaios, que requerem repetições, os movimentos foram se tornando automáticos, sendo necessário retomar os sentidos de cada criação – a partir dos estímulos específicos que deram origem aos movimentos –, para fortalecer e aprofundar as propostas. Com as atividades práticas em dança, que exploraram reconhecimento, sensibilização e desautomatização dos sentidos corporais, os resultados parciais identificados até o momento demonstram também ampliação da sensação de vitalidade tanto em ambiente remoto, quanto presencial. |