Resumo |
INTRODUÇÃO: A Unidade de Atenção Especializada em Saúde (UAES) possui um trabalho destinado ao atendimento secundário exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS), permitindo a ampliação dos serviços ambulatoriais e o acompanhamento de diversas doenças crônicas. É realizado por estudantes e servidores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), buscando um atendimento humanizado e integralizado. A UAES foi o local de escolha para a aplicação da pesquisa “Enfrentamento das doenças crônicas no contexto da pandemia pelo coronavírus: os desafios na atenção secundária em saúde no SUS”, que possibilitou o levantamento do perfil dos pacientes atendidos na unidade, com diversos parâmetros avaliados. OBJETIVOS: A pesquisa teve como objetivo avaliar o impacto da pandemia na saúde física e mental dos pacientes atendidos na UAES, além de caracterizar o perfil de comorbidades desses pacientes. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal, do tipo observacional, com aplicação de questionário semiestruturado aos pacientes adultos da UAES. Foram entrevistados 482 pacientes, número encontrado com base no cálculo amostral realizado no programa OpenEpi. As análises descritivas foram realizadas no programa STATA 13, por meio dos testes de Qui-quadrado e Mann Whitney. RESULTADOS: A aplicação dos questionários aconteceu entre os meses de junho a dezembro de 2021, nos momentos que antecediam ou sucediam as consultas médicas, tendo sido aplicados por seis alunos do curso de medicina da UFV. O questionário foi extenso, contendo 88 perguntas, com tempo de aplicação médio de 30 minutos por paciente. Houve termo de consentimento assinado por quem se disponibilizava a participar da pesquisa. Dos entrevistados, 78,22% foram do sexo feminino e 21,78% foram do sexo masculino, com idade média geral de 45,79 anos (±15.40 anos). A escolaridade, em anos, foi de 8.58 anos (+4.73 anos). O relato da piora da saúde mental durante a pandemia foi um dado expressivo, presente em 55.39% dos pacientes. CONCLUSÕES: A aplicação de um questionário semiestruturado, com número extenso de perguntas, foi uma experiência única para todos os participantes da pesquisa. Foram enfrentados obstáculos em diversos momentos, como a administração do tempo de aplicação, a comunicação com os pacientes e a instabilidade emocional advinda do contexto de pandemia. Além disso, notou-se a necessidade de diálogo e de maior atenção por grande parte dos entrevistados, com relatos da falta de alguém disposto a ouvir sobre suas angústias, levando a conversarem sobre questões pessoais não relacionadas à aplicação do questionário, tornando perceptível a fragilidade na saúde mental de muitos deles. |