Resumo |
Um dos problemas associados à atividade pecuária no Brasil é a emissão de gases de efeito estufa (GEE), responsável pelo aquecimento global, principalmente em função do expressivo rebanho bovino nacional. Além do metano entérico oriundo do processo digestivo, as excretas dos animais também são fontes de GEE, como metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Adicionalmente, a volatilização de amônia (NH3) a partir de excretas contribui com as emissões indiretas de N2O. No entanto, poucos estudos avaliaram a perda de nitrogênio (N) por volatilização de NH3 em pastagens tropicais e estudos comparando as emissões em diferentes sistemas de uso do solo são ainda mais escassos. Objetivou-se quantificar a volatilização de NH3 proveniente de excretas bovinas, em pastos de capim-braquiária em sistema silvipastoril (SSP) ou monocultivo (MONO), durante os períodos chuvoso e seco do ano. O estudo foi conduzido na Embrapa Gado de Leite, localizada em Coronel Pacheco-MG, Brasil, de fevereiro a abril e julho a outubro. Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial (3 x 2) correspondendo a 3 tipos de excretas (fezes, urina e controle sem excreta) e 2 sistemas de produção (SSP e MONO) distribuídos em blocos casualizados, com 3 blocos e 2 repetições por tratamento dentro de cada bloco, totalizando 36 canteiros experimentais (18 em cada sistema). As avaliações foram realizadas em SSP e MONO sendo o SSP constituído por B. decumbens cv. Basilisk, Acacia mangium e Eucalipto grandis. As excretas provenientes das novilhas (Gir x Holandês) em pastejo em cada um dos sistemas foram coletadas e enviadas ao laboratório para quantificação da concentração de N. Para a quantificação da volatilização, foi utilizado o método da câmara estática semi-aberta descrito por Araújo et al. (2009) e Jantalia et al. (2012). Em uma área previamente delimitada em cada sistema foram, aplicadas fezes e urina frescas, nos canteiros correspondentes a cada tratamento. A volatilização de amônia foi monitorada por 20 dias após a deposição das excretas durante a estação chuvosa e por 24 dias durante a seca. O N amoniacal foi quantificado por destilação e titulação de acordo com Araújo et al. (2009). De forma geral, as perdas de N por volatilização de NH3 foram mais acentuadas durante o período seco do ano. Analisando os períodos seco e chuvoso separadamente, o fator de emissão (FE) de NH3 foi maior para urina comparado a fezes (P<0,05), com exceção do período chuvoso em SSP. Com relação ao sistema de uso do solo, o FE para urina foi maior em MONO (P<0,05) independente do período avaliado, sem diferença entre sistemas quanto ao FE para fezes. Conclui-se que a urina é a principal via de perda de N por volatilização de NH3, mas a diferença entre sistemas de uso do solo deve ser considerada na quantificação das emissões indiretas de N2O. Além disso, o FE observado em condições tropicais é inferior ao proposto pelo IPCC em nível global. |