Resumo |
Considerando o marco da implementação das cotas étnico-raciais para inclusão no Colégio de Aplicação que é parte integrante da Fundação Pública UFV é preciso compreender que uma política institucional antirracista não pode apenas transparecer capricho ou caridade, mas deve se empenhar coletivamente na obrigação de promover o bem estar de todos e repudiar a subjugação. Nesse sentido, cabe revisitar a afirmação de Ângela Davis (2016) que diz, "numa sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista". Sílvio Almeida, militante à frente do racismo estrutural no campo jurídico, também comunga desse pensamento. O racismo é um preconceito estrutural porque é fundamentado historicamente pelo sistema escravagista e, hoje, de maneiras intrínsecas às vivências da sociedade em todos os cantos do Brasil. Uma vez generalizado, se manifesta de formas variadas, coletivas e individuais, e até mesmo perpetuado nas instituições. Dito isso, o objetivo geral foi realizar um estudo descritivo exploratório, a partir de um olhar atento, diante de possíveis e indesejáveis comportamentos dos sujeitos no espaço escolar, como brincadeiras e ou abordagens, considerando que a inclusão de todos é responsabilidade compartilhada. Em específico, busca-se entender as relações sociais no campo da discriminação racial, por vezes revelada por brincadeiras e ou abordagens camufladas que se configuram em manifestações racistas. O público alvo foi representado pelos sujeitos discentes, docentes e demais servidores do CAp-Coluni, independente de identidade de gênero, etnia e classe social, presentes cotidianamente nos diferentes espaços do colégio. As observações regulares e indiretas dos sujeitos foram realizadas presencialmente no período de fevereiro a junho de 2022. Elas ocorreram seguindo uma agenda elaborada com definições diversificadas de eventos e ou atividades acadêmicas. O instrumento para a coleta de dados foi o diário de campo com data, horário e tempo de observação estabelecidos. Os dados foram sistematizados e categorizados numa tabela. Comparando frequências de ações caracterizadas como antirracistas e racistas, verificou-se que ainda é possível observar comportamentos como brincadeiras ou interações que mais se configuram como reprodutores "inconscientes" de gestos de racismos do que comportamentos que expressam cuidado consciente caracterizado por gesto combativo. Contudo, verificou-se, também, frequentemente, manifestações antirracistas, sugerindo que o CAp-Coluni/UFV se constitui um espaço de sujeitos antirracistas e, etnicamente conscientes da necessidade de diálogos e debates para a desconstrução de estigmas enraizados. Assim, poder-se-á evitar a perpetuação dos preconceitos em direção à promoção de um tratamento igualitário. |