Resumo |
Introdução: A rede de Atenção Primária à Saúde (APS) se destacou como um dos pontos de atenção na linha de frente de cuidado aos pacientes com COVID-19. Entretanto, o exacerbado número de infecções pelo vírus tem provocado sobrecarga de trabalho e aumento dos transtornos mentais entre os profissionais da saúde. Dentre os transtornos mentais de maior prevalência nesta população, destaca-se a ansiedade, a qual é conceituada como um vago e incômodo sentimento de desconforto ou temor, acompanhado por resposta autonômica, sentimento de apreensão causado pela antecipação de perigo. Se não tratada, além de prejudicar a qualidade de vida do trabalhador, pode interferir na qualidade da assistência ao usuário. Objetivo: Avaliar a prevalência de ansiedade moderada a alta entre profissionais da saúde atuantes na APS de um município mineiro, durante a pandemia da COVID-19. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo que mapeou os níveis de ansiedade entre profissionais da APS do município de Muriaé-MG. A coleta dos dados foi realizada entre os dias 24 de fevereiro e 02 de abril do ano de 2022, utilizando questionário sociodemográfico e a Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS-21), a qual classifica os níveis de ansiedade em normal, suave, moderado, grave e extremamente grave. Os dados foram analisados utilizando estatística descritiva. A pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (Parecer Ético Nº 5.004.148). Resultados: Dentre os 162 profissionais da saúde envolvidos na pesquisa, 43 (26,5%) apresentaram níveis de ansiedade moderado ou superior, sendo 15 (34,9%) em nível moderado, 7 (16,3%) em nível grave e 21 (48,8%) em nível extremamente grave. Dentre esses profissionais, a maioria é do sexo feminino (97,7%), casado(a) (69,8%), possui 1 ou 2 filhos (65,1%), apresenta graduação completa (37,2%), trabalha 40 horas semanais (86,0%) e possui renda familiar entre 1 e 2 salários mínimos (48,8%). Frente a categoria profissional, os 43 indivíduos se distribuem em: agentes comunitários de saúde (46,5%), enfermeiros (14,0%). técnico de enfermagem (7,0%), médico (7,0%), auxiliar de saúde bucal (7,0%), farmacêutico (7,0%), cirurgião dentista (4,6%), fisioterapeuta (4,6%) e nutricionista (2,3%). Conclusão: Percebe-se que menos da metade da população pesquisada apresentou ansiedade em níveis moderado ou superior, porém, dentre estes, a maioria possuía nível extremamente grave, evidenciando a necessidade da promoção do cuidado à saúde mental destes indivíduos. Reforça-se que a sobrecarga de trabalho gerada pela alta carga horária de trabalho desses profissionais pode influenciar o desenvolvimento de transtornos mentais como estresse e ansiedade. |