Resumo |
Introdução: A Violência Obstétrica (VO) consiste em qualquer conduta, ato ou omissão por profissional de saúde que desrespeite o corpo e os processos reprodutivos das mulheres direta ou indiretamente, por meio de tratamentos violentos (físicos, verbais ou psicológicos). Exercidos a partir da medicalização, assistência insensibilizada e abusiva, práticas intervencionistas desnecessárias, assim como a patologização do processo fisiológico da parturição, com consequente perda de autonomia da parturiente em decidir livremente sobre seu corpo. Estudos apontam que 25% das mulheres sofrem VO durante a assistência ao pré-natal, trabalho de parto ou parto. A VO pode causar mortalidade materna em consequência de hemorragias e infecções pós-parto ou deixar sequelas psicológicas (depressão, ansiedade, medo, insegurança, culpa, baixa autoestima) ou físicas, e, sobretudo, o déficit com o cuidado do bebê. Objetivos: Avaliar o conhecimento de mulheres sobre violência obstétrica. Metodologia: Estudo transversal, descritivo-exploratório, quantitativo, realizado em um hospital da Zona da Mata Mineira, Brasil. O estudo faz parte de um projeto maior aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa (Parecer: 5.226.422). A coleta de dados aconteceu no período de março a junho de 2022, por meio de questionário semiestruturado e entrevista, gravada e transcrita na íntegra. Neste estudo utilizou-se dados preliminares a partir da pergunta “Você sabe o que é violência obstétrica?” Resultados: Após análise simples de 96 entrevistas, observou-se que 57,30% responderam que têm conhecimento sobre o termo, 31,25% não sabem o que é e 11,45% já ouviram falar sobre VO. A partir desses dados, fica evidente o desconhecimento de grande parte das mulheres a respeito do conceito. O conhecimento sobre VO pode auxiliar no empoderamento das mulheres na tomada de decisões mais conscientes em relação ao seu trabalho de parto e parto, a exigir a garantia de seus direitos e a identificar ou perceber atos de VO. Por outro lado, o desconhecimento sobre VO pode levar a ausência de questionamentos e à submissão passiva a condutas que podem culminar no sofrimento desse tipo de violência, por vezes sem se perceberem como vítimas do ocorrido, com danos consequentes para a mulher, criança e família. Conclusões: O desconhecimento das mulheres pode justificar o alto índice de VO, tornando-as vulneráveis a práticas abusivas, desrespeitosas, colocando-as à mercê de profissionais e técnicas ultrapassadas. Sendo assim, é essencial capacitação e atualização da equipe para orientar as mulheres, da melhor forma possível, desde as primeiras consultas de pré-natal. Cabe a todos os profissionais de saúde envolvidos na assistência à mulher no período de gravidez, parto e puerpério, informa-las sobre seus direitos e os benefícios de parir com o mínimo de intervenção, respeitando-as e dando-lhes total autonomia para decidirem sobre sua gestação e seu parto. |